O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central publicou a Ata da reunião dos dias 18-19 de junho, onde decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano. A decisão foi tomada durante a 263ª reunião do comitê e reflete a análise de um cenário econômico desafiador tanto no âmbito doméstico quanto internacional.
Durante a reunião, o Copom discutiu a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e internacional.
O ambiente externo mostrou-se adverso, com incertezas sobre a diminuição da taxa de juros nos Estados Unidos e a velocidade da queda da inflação em diversas economias. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados a promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, o que exige cautela por parte dos países emergentes visto que não sinalizam queda nos juros.
No cenário doméstico, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho apresentaram maior instabilidade do que o esperado. A inflação ao consumidor mostrou uma trajetória de baixa no começo do ano, mas devido às últimas expectativas do Boletim Focus, a tendência é reverter a baixa e voltar a subir.
As expectativas de inflação para 2024 e 2025, conforme apuradas pela pesquisa Focus, estão em torno de 4,0% e 3,8%, respectivamente.
Discussão sobre a condução da política monetária
O comitê destacou a resiliência da atividade econômica doméstica, com crescimento em diferentes componentes da demanda, como a formação bruta de capital fixo e o consumo das famílias. No entanto, há incertezas sobre os efeitos econômicos da tragédia no Rio Grande do Sul, incluindo a intensidade da queda de atividade e a subsequente recuperação.
Decisão de política monetária
Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados e o balanço de riscos, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. A decisão visa assegurar a convergência da inflação para a meta ao longo de 2024 e 2025. A política monetária deve se manter contracionista, mantendo juros maiores, por tempo suficiente para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas de inflação.
De acordo com a Ata, a conjuntura atual, marcada por um estágio mais lento do processo desinflacionário, retomada de um processo inflacionário e um cenário global incerto, demanda moderação na condução da política monetária.
A decisão foi unânime entre indicados por Bolsonaro e por Lula: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente do BC), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.