Reforma não vai elevar carga, mas acabar com ‘manicômio tributário’, diz Guedes

O ministro participou de audiência da comissão mista formada por deputados e senadores para analisar o tema

05/08/2020 16:48 Atualizado: 05/08/2020 16:51

Por Diário do Poder

ministro da Economia, Paulo Guedes, classificou de “manicômio tributário” o atual sistema brasileiro e prometeu que o governo não vai propor aumento de carga para os contribuintes. O ministro participou, nesta quarta-feira (5), de audiência da comissão mista formada por deputados e senadores para analisar a proposta de reforma tributária.

De acordo com Paulo Guedes, atualmente, no Brasil, quem tem poder político consegue se beneficiar com desonerações e quem tem poder econômico não paga impostos e entra na Justiça, resultando num contencioso gigantesco. Por isso, segundo ele, o modelo é perverso, regressivo e ineficiente.

— Não vamos aumentar impostos. O povo já paga imposto demais. De 18% do PIB [Produto Interno Bruto], saltamos para 36% em alguns anos. Ou seja, acima da media dos países em desenvolvimento e sem contrapartida para a população. Nosso programa é simplificação e redução. A carga pode ser a mesma, mas vamos substituir e reduzir a quantidade de impostos — explicou.

Alternativas

O Congresso Nacional tem três propostas de reforma tributária em análise. Duas já em tramitação no Legislativo (as propostas de emenda à Constituição 110/2019, no Senado, e PEC 45/2019, na Câmara) e uma enviada pelo governo recentemente, o projeto de lei (PL) 3.887/2020, baseada na unificação do PIS com a Cofins para criação da Contribuição Social sobre Movimentação de Bens e Serviços (CBS).

Segundo o ministro, a equipe econômica decidiu começar pelo PIS e pela Cofins por serem tributos complexos, onerosos e com reflexos muito negativos no ambiente de negócios.

No Superior Tribunal de Justiça (STJ), PIS e Cofins representam 25% dos processos em que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional atua. No Supremo Tribunal Federal (STF), 22 temas com repercussão geral travam mais de 10 mil processos nas instâncias inferiores. E na Receita, há 71 mil processos administrativos em andamento.

— Nosso primeiro passo foi dado sobre impostos incidentes no consumo. Só a extinção do PIS, por exemplo, extingue 100 regimes especiais que tornam inóspito o ambiente empresarial brasileiro — informou o ministro.

Colaboração 

Paulo Guedes pediu a colaboração do Congresso e dos governadores para que a reforma possa ser implementada. Ele disse que é um federalista e precisa cumprir normas constitucionais, pois não cabe ao ministro da Economia, por exemplo, definir quanto o estado e o município têm que cobrar por determinado imposto:

— É uma atribuição dos entes. Quem pode uniformizar? É o Congresso, que tem capacidade de fazer isso. Cabe a nós colaborar. Retomamos a reforma num espírito construtivo. Em vez de mandarmos uma PEC [proposta de emenda à Constituição] que pudesse colidir com duas outras que já estão no Congresso, uma na Câmara e outra no Senado, nós mandamos nossa proposta para que seja analisada e melhorada pela comissão mista — afirmou.

O que diz o governo sobre sua proposta enviada ao Congresso
* Substituir o PIS e a Cofins pela Contribuição Social sobre Movimentação de Bens e Serviços (CBS).
* A CBS oferecerá a possibilidade de dedução do tributo pago em cadeias anteriores da produção, acabando com a cumulatividade característica de PIS e Cofins.
* Não haverá período de transição: o novo sistema entra em vigor seis meses após publicação da lei.
* Incidência somente sobre o valor agregado ao produto ou ao serviço.
* Mais transparente porque incide sobre a receita bruta e não mais sobre todas as receitas.
* Inspirado nos Impostos de Valor Agregado (IVAs), mais modernos.
* Menos custo: redução de 52 para nove campos na nota fiscal e de 70% das obrigações acessórias.
* Pessoas jurídicas que não exercem atividade econômica ficam de fora: condomínios, templos, sindicatos, instituições filantrópicas, partidos políticos e serviços sociais autônomos.

(Agência Senado)