A rede 5G de alta velocidade passa a estar oficialmente liberada para todos os 5.570 municípios do Brasil a partir de segunda-feira (2), de acordo com a Anatel e o Ministério das Comunicações. Este é um passo crucial na evolução da infraestrutura de telecomunicações do país.
A faixa de 3,5 GHz —onde é operado a rede 5G— está tecnicamente disponível em todos os territórios municipais. No entanto, a expansão efetiva da rede enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito às barreiras legislativas.
O que é a rede 5G?
A rede 5G é a quinta geração da tecnologia de comunicação móvel e representa um avanço significativo em relação ao 4G.
A principal característica do 5G é sua alta velocidade de transmissão de dados, que pode ser até 20 vezes maior que o 4G, dependendo da infraestrutura e cobertura disponíveis. Além disso, o 5G oferece uma latência extremamente baixa, o que significa uma resposta quase instantânea na comunicação entre dispositivos.
Isso torna a tecnologia ideal para aplicações que requerem grande rapidez e confiabilidade, como jogos online, cirurgias remotas e a Internet das Coisas (IoT).
Outra diferença importante é que o 5G permite a conexão simultânea de um número muito maior de dispositivos. Isso suporta um ecossistema completo de dispositivos inteligentes em áreas urbanas e rurais.
Essa capacidade torna o 5G essencial para o desenvolvimento de cidades inteligentes e novas aplicações industriais, como automação em larga escala e maior eficiência para servidores de internet.
A tecnologia também é fundamental para avanços em realidade aumentada e virtual, trazendo novas possibilidades de experiências digitais tanto para consumidores quanto para empresas.
Desafios para a expansão
Diogo Della Torres, coordenador de infraestrutura do Conexis Brasil Digital, relata que apenas cerca de 15% dos municípios brasileiros possuem legislação atualizada que permite a instalação das infraestruturas de suporte necessárias, como torres e antenas.
Essa defasagem legal está entre os principais entraves para a instalação da quinta geração de internet no país.
“Para que isso aconteça, é preciso que o município tenha uma lei específica para as infraestruturas de suporte e telecomunicações, que nada mais são do que as torres de telefonia. Atualmente, no Brasil, nós temos somente cerca de 15% dos municípios com leis específicas para esse tema”, afirmou Della Torres, conforme publicado pelo portal Brasil61.
Liberação antecipada da faixa de 3,5 GHz
De acordo com a Anatel, a liberação da faixa de 3,5 GHz foi realizada com 14 meses de antecedência em relação ao cronograma previsto no leilão do 5G, realizado no final de 2021.
O objetivo é adiantar a ampliação da tecnologia, mas, como alertou Della Torres, a expansão para todo o Brasil dependerá dos avanços municipais em relação ao licenciamento de infraestrutura.
“Estamos concluindo essa atividade 14 meses antes do previsto, mas isso não significa que todos esses municípios que agora estão com essa autorização para instalação terão 5G nos próximos meses”, disse ele.
A implantação da rede 5G exige uma quantidade de antenas maior do que as gerações anteriores, devido à necessidade de maior cobertura e à baixa potência de transmissão das novas antenas.
Expectativa da Anatel
O cronograma da Anatel estabelece que todas as cidades com mais de 30 mil habitantes devem ser atendidas até julho de 2029.
As cidades com população superior a 100 mil devem contar com ao menos uma antena de 5G até 2027, enquanto aquelas que têm mais de 200 mil habitantes precisam receber o sinal até julho de 2026.
Até o momento, mais de 700 municípios já possuem estações de 5G em operação no país.
Ainda de acordo com a Anatel, mais de 1.000 municípios já contam com estações 5G operando em diferentes faixas de frequência.