O ministro da Defesa, José Múcio, revelou que uma licitação promovida pelo governo brasileiro foi vencida por uma empresa israelense, mas a aprovação não pôde seguir em frente devido a “questões ideológicas”. A fala ocorreu na terça-feira (08), durante um evento realizado na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Múcio afirmou que a atual situação diplomática e os conflitos, que envolvem o estado de Israel e o grupo terrorista islâmico Hamas, vem influenciando diretamente as decisões do Brasil em relação à sua defesa.
“A questão diplomática interfere na Defesa. Houve agora uma concorrência, uma licitação, e venceram os judeus, o povo de Israel. Mas, por questão da guerra, do Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar”, declarou o ministro.
Além disso, mencionou que o Tribunal de Contas da União (TCU) não autorizou que o contrato fosse repassado ao segundo colocado na licitação, deixando a pasta sem chance de ação. Segundo Múcio, o ministério aguarda “que essas questões passem para que a gente possa se defender”.
Ele ressaltou que a aprovação da licitação é vital para a segurança nacional, e que a situação atual impede o Brasil de garantir sua capacidade de defesa.
Potássio, munição e fertilizantes
Em seu discurso, o ministro também abordou outras questões de segurança e defesa, criticando a dependência do Brasil na importação de potássio do Canadá. Múcio destacou que o país possui a segunda maior reserva do mineral, mas enfrenta impedimentos devido à localização das reservas sob terras indígenas.
“Temos a segunda maior reserva, mas como está embaixo da terra dos índios, nós não podemos explorar”, lamentou.
O ministro, que ocupa o cargo desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também comentou sobre as limitações impostas à venda de munição para a Alemanha. Segundo ele, a transação foi vetada por receios de retaliações da Rússia.
“Temos uma munição no Exército que não usamos. Fizemos um grande negócio. Não faz, porque senão o alemão vai mandar pra Ucrânia e a Ucrânia vai usar contra a Rússia e a Rússia vai mexer nos nossos acordos de fertilizantes”, se queixou Múcio.
Lula continua criticando Israel
Desde o início do seu mandato, Lula tem reiteradamente criticado Israel e se manifestado em favor de grupos islâmicos. Em entrevista coletiva realizada em Nova York no dia 25 de setembro, o presidente disse que as ações israelenses na região são equivalentes a “genocídio”.
“Condeno de forma veemente esse comportamento do governo de Israel e eu tenho certeza que a maioria do povo não concorda com esse genocídio. A humanidade não pode conviver e aceitar com normalidade o que está acontecendo em Israel, na Faixa de Gaza, no Líbano e na Cisjordânia ocupada”, disparou Lula.
Já na cerimônia de sanção de um projeto de lei sobre combustíveis, realizada em Brasília no mesmo dia das falas emitidas por Múcio, Lula voltou a afirmar que Israel faz “chacina” em Gaza e “invasão” no Líbano.
“Não me conformo com a chacina que Israel está fazendo na Faixa de Gaza e agora a invasão no Líbano”, declarou o presidente.