Por Bruna de Pieri, Terça Livre
Informações que circularam na imprensa na quinta-feira (21) afirmam que Pequim pressiona pela demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
O embaixador da China em Brasília, Yang Wanming, teria sinalizado ao governo brasileiro que a liberação de insumos chineses para a produção das vacinas CoronaVac e de Oxford depende da demissão de Ernesto Araújo.
A China também teria pedido que o presidente Jair Bolsonaro divulgasse ao menos um comunicado destacando a “boa relação” entre os dois países.
No entanto, durante live desta quinta-feira (21) Bolsonaro negou qualquer pressão por parte do país asiático.
“Quem demite ministro sou eu. Ninguém procurou nem ousaria me procurar no tocante a isso. Assim como nós não faríamos com nenhum país do mundo. Eu procurar outro país qualquer e falar: ‘Esse ministro teu, presidente, primeiro-ministro, tem que ser demitido’. E jamais outro país faria isso conosco também”, disse. O presidente também criticou a imprensa por disseminar inverdades.
O chanceler participou da live e comentou as especulações sobre sua demissão. “Exato, presidente. Isso não existe entre países soberanos, isso é uma invenção completa. Não sei por que tem gente que quer ver uma crise, quer criar invenções que não existem. Pessoas inventam uma coisa, e aí quando vem a realidade e desmente, em vez de alterar sua percepção da realidade, continua insistindo, redobrando a mentira”, afirmou.
Aparentemente Ernesto Araújo é apenas a “pedra conservadora” no sapato da imprensa e não o real motivo para a demora na liberação dos insumos.
A narrativa mostra-se insustentável, porque o embaixador Wanming já deixou claro que, pela ordem natural da distribuição de insumos, o Brasil seria obrigado a esperar mais tempo, já que demorou a fazer a sua demanda de material.
O próprio ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, já explicou que a oferta de insumos não atende à demanda mundial pelos produtos e que o problema na liberação das exportações pelas autoridades chinesas não é político.
Brasil negocia com outros países
O assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Filipe Martins, informou ontem (20) que para não depender apenas da China, o governo federal negocia com outros países fornecedores de insumo para a fabricação das vacinas.
Martins afirmou que as negociações de insumos com outros países já estão bastante avançadas.
“Posso garantir a investidores e consumidores que fiquem tranquilos. Também teremos insumos de outros países. A negociação está bastante avançada”, disse Filipe Martins, frisando que ainda não pode revelar quais são esses países.
Como noticiou o Terça Livre na quarta-feira (20), representantes da China participaram de reuniões por videoconferência com vários ministros do governo brasileiro em busca de solução para o impasse sobre os insumos.
Para assessor para assuntos internacionais, “um grande alarde em torno de nada” foi criado em relação à liberação de insumos da CoronaVac pela China.
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