“Que monstro vai sair do ventre dessa menina?”, diz Lula ao comentar PL antiaborto

Bancada evangélica pressiona para que PL seja pautado antes de recesso do Congresso

Por Redação Epoch Times Brasil
18/06/2024 19:31 Atualizado: 18/06/2024 19:31

Durante uma entrevista à Rádio CBN na manhã de terça-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou bebês não nascidos oriundos de estupro a “monstros”. O presidente comentava o projeto de lei (PL) 1.904/2024, apelidado PL “antiaborto”  que classifica abortos a partir de 22 semanas de gestação como crime de homicídio, inclusive em casos de estupro.

“Temos que respeitar as mulheres. Elas têm o direito de ter um comportamento diferente e não querer. Por que uma menina é obrigada a ter um filho de um cara que estuprou ela? Que monstro vai sair do ventre dessa menina?”, disse Lula.

A primeira vez que o presidente abordou o assunto foi durante uma viagem à Itália, no sábado (15). Na ocasião, ele descreveu o projeto de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) como “insanidade”.

Lula disse, referindo-se ao parlamentar: “O cidadão diz que fez o projeto para testar o Lula. Eu não preciso de teste. Quem precisa de teste é ele. Eu quero saber se uma filha dele fosse estuprada, como ele ia se comportar”.

Autor do projeto reage às falas de Lula

Em nota, o deputado federal Sóstenes Cavalcante afirmou que Lula está transformando uma discussão séria em assunto pessoal e enfatizou que o bebê “não é descartável”.

“Quanto ao que você faria se minha filha fosse estuprada, deixe-me ser claro: um estuprador não é pai, uma criança não é mãe, e um bebê de 22 semanas não é descartável. O aborto não é a solução!”, disse Sóstenes.

O deputado citou o caso do filho de Lula, Luis Cláudio Lula da Silva, denunciado por sua ex-companheira por agressão física e psicológica.

“Meus filhos sempre foram ensinados nos caminhos do Senhor, aprendendo a distinguir o que é bom e reto. Infelizmente, parece que esses princípios não foram transmitidos na sua casa, considerando que seu próprio filho foi denunciado por agredir a esposa.”

“Talvez, ao invés de atacar os valores dos outros, você devesse refletir seriamente sobre os valores que ensinou em sua própria família”, completou.

PL antiaborto divide opiniões

A Câmara dos Deputados aprovou aprovou um requerimento de urgência para a votação do projeto de lei na quarta-feira (12), permitindo que o texto vá diretamente ao plenário da Casa. A proposta repercutiu nacionalmente, polarizando opiniões.

Líderes partidários se reuniram na terça-feira (18) e dialogaram sobre o projeto, mas sem chegar a um consenso. Sem acordo, é noticiado que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) cogitou a criação de grupo de trabalho para analisar o texto da medida.

Há pressão da bancada evangélica para que o PL seja pautado antes de 17 de julho, quando o Congresso entra em recesso.