Durante uma entrevista à Rádio CBN na manhã de terça-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou bebês não nascidos oriundos de estupro a “monstros”. O presidente comentava o projeto de lei (PL) 1.904/2024, apelidado PL “antiaborto” que classifica abortos a partir de 22 semanas de gestação como crime de homicídio, inclusive em casos de estupro.
“Temos que respeitar as mulheres. Elas têm o direito de ter um comportamento diferente e não querer. Por que uma menina é obrigada a ter um filho de um cara que estuprou ela? Que monstro vai sair do ventre dessa menina?”, disse Lula.
A primeira vez que o presidente abordou o assunto foi durante uma viagem à Itália, no sábado (15). Na ocasião, ele descreveu o projeto de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) como “insanidade”.
Lula disse, referindo-se ao parlamentar: “O cidadão diz que fez o projeto para testar o Lula. Eu não preciso de teste. Quem precisa de teste é ele. Eu quero saber se uma filha dele fosse estuprada, como ele ia se comportar”.
Autor do projeto reage às falas de Lula
Em nota, o deputado federal Sóstenes Cavalcante afirmou que Lula está transformando uma discussão séria em assunto pessoal e enfatizou que o bebê “não é descartável”.
“Quanto ao que você faria se minha filha fosse estuprada, deixe-me ser claro: um estuprador não é pai, uma criança não é mãe, e um bebê de 22 semanas não é descartável. O aborto não é a solução!”, disse Sóstenes.
O deputado citou o caso do filho de Lula, Luis Cláudio Lula da Silva, denunciado por sua ex-companheira por agressão física e psicológica.
“Meus filhos sempre foram ensinados nos caminhos do Senhor, aprendendo a distinguir o que é bom e reto. Infelizmente, parece que esses princípios não foram transmitidos na sua casa, considerando que seu próprio filho foi denunciado por agredir a esposa.”
“Talvez, ao invés de atacar os valores dos outros, você devesse refletir seriamente sobre os valores que ensinou em sua própria família”, completou.
PL antiaborto divide opiniões
A Câmara dos Deputados aprovou aprovou um requerimento de urgência para a votação do projeto de lei na quarta-feira (12), permitindo que o texto vá diretamente ao plenário da Casa. A proposta repercutiu nacionalmente, polarizando opiniões.
Líderes partidários se reuniram na terça-feira (18) e dialogaram sobre o projeto, mas sem chegar a um consenso. Sem acordo, é noticiado que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) cogitou a criação de grupo de trabalho para analisar o texto da medida.
Há pressão da bancada evangélica para que o PL seja pautado antes de 17 de julho, quando o Congresso entra em recesso.