O Ministério da Saúde investiga quatro mortes suspeitas de terem sido causadas pela Febre do Oropouche — doença causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) — uma no Maranhão, outra em Santa Catarina e duas na Bahia. Neste último estado, a Secretaria de Saúde (Sesab) declara ter registrado os dois óbitos pela virose, porém aguarda confirmação do ministério. Caso comprovadas, serão as primeiras mortes por oropouche no mundo.
Duas das vítimas foram mulheres sem comorbidades. Uma de 24 anos, na cidade de Valença, situada a 121 km de Salvador; e a outra com 22 anos, no município de Camamu, a 190 km da capital baiana.
Em artigo postado no dia 16 de julho, assinado por 20 especialistas, foi realizada uma breve análise das mortes. O texto destaca a necessidade de vigilância no controle da disseminação do vírus.
As amostras biológicas das pacientes foram submetidas a ensaios de Polymerase Chain Reaction (PCR) — traduzida do inglês como “reação em cadeia da polimerase”. Trata-se de técnica utilizada na biologia molecular para amplificar em até milhões de cópias sequenciais de DNA (ácido desoxirribonucleico). O objetivo foi detectar, em tempo real de rotina, o diagnóstico da Febre do Oropouche, bem como outras possíveis patologias.
“Um aumento na ocorrência de casos dessa doença foi observado no estado da Bahia, onde a rápida disseminação do vírus é configurada como um surto nas macrorregiões sul e leste, de grande preocupação para a saúde pública”, salienta a publicação.
De acordo com a Sesab, o caso de Valença foi analisado pela Câmara Técnica da Bahia, passando por avaliação laboratorial, clínica e epidemiológica rigorosas.
“O diagnóstico foi obtido através de RT-PCR para oropouche, que se mostrou positivo após a exclusão de outras doenças como zika, dengue, chikungunya e leptospirose, além de infecções por meningococo, haemophilus e pneumococo, todas apresentando resultados negativos. Ainda que avaliado como positivo pela Câmara Técnica da Bahia, o Ministério da Saúde ainda não confirmou”, comunica nota da secretaria.
O segundo caso continua sob apuração e passará pelos mesmos exames submetidos ao primeiro, com acréscimo da análise genômica. Tanto o órgão estadual de Saúde de Santa Catarina quanto o do Maranhão ainda não confirmaram a abertura de investigações dos óbitos ocorridos, nos respectivos estados.
Conforme o Ministério da Saúde, 7.117 casos da doença foram registrados em 16 estados brasileiros neste ano – enquanto durante todo o ano passado foram 832 ocorrências.
Os sintomas da febre oropouche são parecidos com os da chikungunya e dengue: dor articular, muscular, de cabeça, atrás dos olhos, vômitos, náuseas, fotofobia e tontura. Transmitida pelo mosquito Culicoides paraensis, mais conhecido como mosquito-pólvora ou maruim, é uma virose cujos sintomas duram em média de dois a sete dias. A evolução da Febre do Oropouche é sem sequelas e benigna, na maioria dos casos.