Produtora de armas da China propõe compra da maior fabricante de sistemas de defesa do Brasil

Por Redação Epoch Times Brasil
17/06/2024 11:54 Atualizado: 17/06/2024 13:20

A empresa estatal chinesa China North Industries Corporation (Norinco) demonstrou interesse em adquirir 49% das ações da Avibras Aeroespacial, principal fabricante de sistemas de defesa pesada do Brasil. 

De acordo com informações publicadas pela Folha, a proposta foi enviada ao Ministério da Defesa, na quinta-feira (13), destacando a intenção da Norinco de investir na produção de foguetes de 122 mm, utilizados em lançadores BM-21 Grad.

Contexto da negociação

A proposta da Norinco surgiu após a desistência do grupo australiano DefendTx, que não conseguiu financiamento para adquirir a Avibras. Com a saída dos australianos, a estatal chinesa viu uma oportunidade estratégica para expandir sua presença na indústria de defesa global.

A Avibras, localizada em São José dos Campos, São Paulo, é responsável pelo desenvolvimento e fornecimento de mísseis e foguetes para o Exército Brasileiro, incluindo o sistema de lançamento de foguetes Astros.

O Ministério da Defesa, liderado por José Múcio, reconhece a importância de manter o controle da Avibras no Brasil, mesmo com a venda de quase metade das suas ações. Múcio mencionou a existência de um interesse internacional na empresa, sem especificar os envolvidos, e garantiu que estão “trabalhando para que isso aconteça”.

Apesar das vantagens financeiras, há preocupações sobre a preservação do status da Avibras como “Empresa Estratégica de Defesa”, conforme a legislação brasileira. A avaliação cuidadosa visa garantir que a venda não prejudique os contratos existentes da Avibras com as Forças Armadas.

Dificuldades financeiras

A Avibras enfrenta uma crise financeira há mais de uma década. Em 2022, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial, demitindo 420 dos 1.500 funcionários e deixando muitos sem salário há mais de um ano.

No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva instruiu o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Defesa a buscarem alternativas para evitar a falência da empresa. Foram exploradas possibilidades de contratos internacionais, como com os Emirados Árabes Unidos, sem sucesso.

A ideia de investir recursos públicos na Avibras também foi considerada, mas descartada devido à falta de uma estrutura legal adequada.

Norinco

A Norinco é uma das maiores produtoras mundiais de armamentos, atuando também nos setores de veículos, petróleo, produtos químicos e construção civil. A empresa chinesa exporta uma vasta gama de sistemas de defesa, incluindo obuseiros, veículos blindados e bombas aéreas, que integram as tensões militares militares envolvendo a China e os EUA.

Para a Avibras, a parceria com a Norinco poderia representar uma oportunidade de estabilização financeira e expansão de mercado, tudo através da parceria com um dos maiores braços armados da China comunista.

“Uma ordem executiva do governo dos EUA listava a Norinco como parte de uma emergência de segurança nacional, e impunha restrições a investimentos na empresa por seu papel, junto a outras entidades, como parte do aparato militar chinês e na facilitação de violações de direitos humanos.”