A produtividade da indústria de transformação brasileira caiu no segundo trimestre de 2024, atingindo o menor nível desde 2012. Segundo a CNI, o índice variou -0,3% em relação ao trimestre anterior, refletindo uma quase estagnação do setor. Esse é o menor valor em 12 anos, considerando a relação entre volume produzido e horas trabalhadas.
A queda ocorreu em um cenário de aumento de 0,9% na produção e de 1,3% nas horas trabalhadas. Embora a produção tenha crescido, o aumento nas horas anulou ganhos de produtividade. O resultado destaca a dificuldade do setor em otimizar o uso da mão de obra e melhorar a eficiência.
No primeiro trimestre de 2024, o índice já havia caído 1,4%, interrompendo a alta observada desde o segundo trimestre de 2023.
A CNI relata que a demanda por bens manufaturados cresceu, mas é parcialmente atendida por importações, limitando a produção local e pressionando a produtividade.
O relatório também cita o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, entre abril e maio, que afetaram algumas indústrias. Mesmo com o crescimento da produção, não foi suficiente para melhorar a produtividade.
A maior contratação de trabalhadores gera expectativa de melhora na produtividade a médio prazo, com o fim dos ciclos de treinamento. Porém, esse aumento ainda não foi visto nos últimos relatórios.
Medidas recentes para impulsionar a produtividade têm sido implementadas pelo governo, como a Lei de Depreciação Acelerada, linhas de financiamento do Plano Mais Produção e o programa Brasil Mais Produtivo, parte do plano Nova Indústria Brasil. Essas iniciativas visam modernizar o parque industrial e promover um ambiente de negócios mais favorável ao investimento, mas os efeitos ainda não são visíveis nos números recentes.
Com a produtividade em declínio, a indústria de transformação se encontra em um cenário desafiador. A variação negativa é particularmente preocupante, pois marca o menor nível desde 2012, ano em que o setor também enfrentava um contexto de baixo crescimento e perda de competitividade.
Enquanto isso, o índice de produtividade por trabalhador, quando medido pelo número de trabalhadores empregados, cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2024, registrando o melhor desempenho desde o segundo trimestre de 2022. Esse dado oferece um alívio parcial, mas ainda está longe de compensar as perdas acumuladas ao longo dos últimos anos.