A produção industrial brasileira caiu 1,4% em julho de 2024, segundo o IBGE. A queda ocorre enquanto a demanda por bens industriais segue em alta, indicando um possível descompasso entre oferta e procura que pode elevar os preços a longo prazo, embora os estoques ainda contenham a pressão no curto prazo.
O Indicador Ipea de Consumo Aparente de Bens Industriais (ICABI) de julho ainda não foi divulgado, mas, em junho, a demanda interna subiu 8,1%, mantendo a tendência de alta desde setembro de 2023.
A retração na produção foi generalizada, mas alguns estados tiveram crescimento. O Amazonas se destacou com alta de 6,9% em julho, compensando perdas anteriores. O Espírito Santo também cresceu 5,8%, e Paraná (4,4%) e Pernambuco (4,2%) mantiveram desempenho positivo.
Apesar desses resultados regionais, o desempenho industrial geral ficou abaixo das expectativas, considerando a demanda crescente. O índice de média móvel trimestral registrou leve alta de 0,4%, mas insuficiente para compensar a queda de julho.
A alta demanda contrasta com a queda na oferta, o que, se continuar, pode gerar pressões inflacionárias e problemas de abastecimento em alguns setores.
Riscos para a economia
Se a produção seguir desacelerando enquanto a demanda por bens industriais permanece alta, conforme indica o último relatório do Consumo Aparente de Bens Industriais, o país poderá enfrentar pressões inflacionárias, principalmente em setores como bens de consumo duráveis, que já registraram alta de 60,9% no consumo aparente.
Setores estratégicos, como veículos automotores e máquinas e equipamentos, tiveram forte demanda, com crescimentos de 35,0% e 16,2%, respectivamente, no trimestre encerrado em junho. No entanto, a oferta interna não acompanhou esse ritmo, aumentando a dependência de importações, o que pode gerar gargalos no abastecimento e elevação de custos
Perspectivas para os próximos meses
Com o consumo de bens industriais em alta e a produção interna ainda fraca, o Brasil pode enfrentar um desequilíbrio. A desaceleração da produção pode pressionar a indústria, especialmente se a demanda continuar crescendo nos níveis recentes.
Ainda não foi publicado o relatório da demanda de julho, contudo, a demanda subiu 8,1% em junho, acompanhando uma tendência contínua de alta desde setembro de 2023.