Já se passaram 8 meses desde a prisão de Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), sob a acusação de interferir no segundo turno das eleições presidenciais de 2022, ocasião em que ele comandava a corporação. A detenção de Vasques ocorreu em agosto do ano passado, por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Desde então, sua defesa apresentou três pedidos de soltura, dos quais dois foram negados pelo próprio ministro. O último pedido, protocolado no último dia 17, argumenta que a prisão por tempo indefinido é ilegal.
Os advogados do ex-diretor da PRF rebatem a justificativa de mantê-lo preso para evitar que ele “influencie no ânimo das testemunhas”, argumentando que isso carece de sentido. De acordo com trechos da petição divulgados pela Folha de São Paulo, a defesa chega a comparar a situação de Vasques com a do ex-presidente Jair Bolsonaro, que também está sob investigação no mesmo inquérito.
“Se o argumento fosse válido, a Polícia Federal teria pedido a prisão do ex-presidente da República pelo mesmo fundamento. Isso porque se o requerente poderia influenciar no ânimo de alguma testemunha, mesmo sendo pobre e um mero servidor público aposentado, com muito mais razão poderia o ex-presidente”, afirma a defesa.
A investigação central aponta que Silvinei possa ter utilizado a estrutura da PRF de forma tendenciosa para conduzir operações de fiscalização durante o segundo turno das eleições, com foco nos estados do Nordeste, onde Lula obteve mais votos que Bolsonaro.
A Polícia Federal está analisando um conjunto de dados que inclui um mapeamento das cidades onde Lula obteve mais de 75% dos votos no primeiro turno das eleições. Este levantamento foi descoberto no celular de Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça.
Os investigadores observaram uma correlação entre a planilha encontrada e as cidades que foram alvo de operações de fiscalização pela PRF durante o período eleitoral.
Doente e depressivo
Após sua prisão, Silvinei Vasques enfrentou um período de depressão que resultou em uma perda de mais de dez quilos. Durante sua audiência de custódia, o ex-diretor da PRF declarou estar sofrendo de ansiedade e depressão, e estava sob prescrição de medicamentos controlados. Devido aos seus problemas de saúde, ele foi realocado para um setor mais próximo do consultório médico e de psicologia na prisão da Papuda.