Após a tragédia sem precedentes que assolou o Rio Grande do Sul nos últimos dias, prefeitos estão indignados diante da lentidão do governo federal em disponibilizar recursos para o estado. A situação preocupante foi compartilhada pelo presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, que anunciou nesta segunda-feira (13) uma reunião agendada para a tarde com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir a situação das prefeituras. Ziulkoski ressaltou que os R$ 16 milhões liberados até o momento não são suficientes diante da extensão dos danos causados pelas chuvas.
Em entrevista à GloboNews, Ziulkoski afirmou: “Estamos há 15 dias, e hoje lamentavelmente está atingindo um novo ápice de gravidade da precipitação, mas, será que é possível imaginarmos que R$ 16 milhões para 69 municípios? Será essa a resposta às prefeituras, 15 dias depois? Estamos indignados”.
Segundo ele, em algumas cidades, os prefeitos estão enfrentando obstáculos para acessar as prefeituras, o que não apenas os impede de trabalhar normalmente, mas também dificulta o envio de solicitações ao governo para obter a verba emergencial. O processo burocrático estipulado pelo ministério exige que o decreto de calamidade pública seja enviado por e-mail, acompanhado de um ofício solicitando os recursos.
Ziulkoski fez essa declaração em possível reação às declarações do ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Durante o fim de semana, Góes afirmou que, dentre os 447 municípios do Rio Grande do Sul em situação de calamidade, apenas 69 entraram em contato com o governo federal.
Para ele, a burocracia tem sido um entrave. O presidente da CNM afirmou que, diante da gravidade da situação enfrentada pelo povo gaúcho, o governo poderia disponibilizar uma verba específica diretamente para os municípios mais atingidos sem a necessidade de solicitações formais.
“Nós estamos na ponta que parece que, em dúvida, que o prefeito vai ser desonesto e vai desviar o dinheiro. Não é possível continuar dessa forma, vamos continuar trabalhando”, disse.
Ele também ressaltou que a disponibilização rápida de recursos para o Estado será acompanhada pela prestação de contas dos municípios. No entanto, a burocracia estatal representa um obstáculo para iniciar o processo de recuperação.