Por Cláudio Humberto, Diário do Poder
A Praça dos Três Poderes, em Brasília, a mais representativa das instituições brasileiras, é o próprio retrato do abandono. Ela relembra uma cidade fantasma, não fosse pela presença de muitos turistas e o movimento frenético de veículos.
As pedras portuguesas características, que eram brancas, agora estão escurecidas pela sujeira e em alguns pontos até parecem negras. Entre elas brotam mato que chega a meio metro de altura.
A vergonha dos brasileiros que visitam a Praça dos Três Poderes é percebida em cada rosto que se depara com os buracos, a sujeita e o desleixo.
Ninguém se importa
A impressão que se tem é que ninguém faz nada porque somente turistas e camelôs freqüentam o local. Ou suas excelências, os chefes de Poder, precisam com urgência agendar consulta com os respectivos oftalmologistas.
Não se pode imaginar por que o presidente da República, que passa diariamente pela Praça dos Três Poderes, e nem o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), de cujo gabinete a contempla, não se sintam no dever de passar a mão no telefone e solicitar providências ao governador do Distrito Federal. Ou mandar que seus chefes de gabinete se entendam com os incompetentes que chefiam a Novacap, empresa pública do DF responsável pela conservação da cidade.
Casa de Chá virou repartição
Como em qualquer cidade turística, também ali há uma placa enorme com o mapa que mostra onde você está e o caminho que deve seguir para seu destino. O problema é que o mapa está ilegível, queimado e escurecido pelo sol há anos, com evidências de nunca ter sido trocado. Em vez de mapa, há um quadro manchado.
O mapa queimado está a três metros da descida da antiga Casa de Chá, que passou 15 anos fechada, “em reforma”, e foi reinaugurada com festa em 2010 com um jantar oferecido a 150 convidados.
Mas, depois do fingimento, a Casa de Chá saiu pelo ralo e o espaço, espécie de subsolo da Praça dos Três Poderes, virou um “Centro de Atendimento ao Turista” que vive às moscas, por falta de turistas frustrados pela falta de material de divulgação.
Além da própria Praça às traças, até a pista que a circunda é uma vergonha. No acesso à via que passa em frente ao Planalto são tantas as ondulações que talvez fosse melhor não haver pavimento.