‘População brasileira está vivendo uma epidemia de drogas, mas nas universidades é o dobro’, diz ministro da Educação

11/12/2019 23:33 Atualizado: 12/12/2019 05:46

Por Bruna de Pieri, Terça Livre

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados convocou o ministro da Educação, Abraham Weintraub, para dar explicações sobre declaração dada à imprensa de que nas universidades federais há extensivas plantações de maconha e que seus laboratórios de química são usados para a síntese de drogas.

Para mostrar que não havia nenhuma novidade na afirmação que ele havia feito, Weintraub apresentou à comissão, nesta quarta-feira (11), diversos vídeos de reportagens de televisão que confirmavam a existência das plantações.

O ministro disse ainda que, além da plantação, houve também a utilização de um laboratório de química de uma universidade federal para produção de drogas sintéticas.

As imagens apresentadas na comissão mostravam os ambientes acadêmicos pichados, depredados e sujos.

“Um laboratório de Química, pago com o dinheiro dos impostos, suados impostos. Isso é dentro. Não é uma boca de fumo. Isso é dentro dos diretórios estudantis dentro das universidades. Olha um aluno da federal. Ele tem uma folha de maconha tatuada no rosto. Está vendo?”, questiona Weintraub.

Após um tumulto entre os participantes da comissão, o ministrou pediu seriedade no tratamento do assunto.

Por algumas vezes, ele chegou a ser interpelado por comentários de parlamentares do PSOL: “E os 39 quilos de cocaína, hein? E os 39 quilos de cocaína no avião presidencial?”, disse Ivan Valente.

Weintraub rebate: “O assunto é sério. Trata-se da vida de jovens — vida de jovens”.

O ministro ressaltou uma pesquisa divulgada pelo jornal Gazeta do Povo que mostra que 50% dos estudantes já usaram drogas como maconha, cocaína ou ecstasy. O índice, segundo Abraham, é o dobro da média da população brasileira.

“A população brasileira está vivendo uma epidemia de drogas, e a droga escraviza. Mas nas universidades é o dobro. Isto é, se o seu filho está em uma universidade federal, a chance de ele experimentar essa droga, estatisticamente, é o dobro do que se ele não estiver, isso é muito grave. A população brasileira não merece isso, principalmente quando é pago com os nossos impostos. É dinheiro do leite, é dinheiro da água, da luz”, declarou.

“De acordo com a matéria, no campus da UNICAMP, o consumo ocorre diariamente, sem maiores interferências. Diz um estudante: ‘Vejo o pessoal fumando em frente ao bandejão. Os funcionários que fazem a segurança são terceirizados — a PM não entra no campus — então eles simplesmente não se importam, fingem que não enxergam”. Ele revela que várias vezes vai à aula chapado. Diz ainda: “Muita gente curte ficar nu: fica maluco após beber, fumar ou cheirar algo e então começa a tirar a roupa e andar pelado pelo campus’”, pontuou o ministro.

Ao finalizar sua explanação sobre o tema, Abraham Weintraub disse que o atual Governo foi eleito porque a maioria da população brasileira tem valores semelhantes aos a atual gestão defende. “E nós estamos implementando isso. Agora, eu não fui chamado aqui para discutir isso. É isso o que me espanta”, salientou.

E concluiu:

“As convocações feitas pela Oposição são para discutir droga. E as drogas estão amplamente difundidas no Brasil. A estatística que vimos nas universidades é o dobro. Metade dos alunos usam drogas. É por isso que eles plantam maconha. A demanda é tão grande e tão natural, que eles plantam maconha. Sentem-se seguros, porque a polícia não entra. Vou repetir: eu sou 100% a favor de total autonomia de pesquisa, total autonomia de ensino nas universidades. Você pode falar o que quiser, pode pesquisar o que quiser, mas, enquanto o roubo, o estupro e o consumo de drogas ilícitas não forem legalizados no Brasil — eu sou contra a legalização… Não pode haver! E a PM tem que entrar nos campi”.

Veja a íntegra da declaração do ministro da Educação:

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