Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
A polícia federal informou que prendeu cinco pessoas por uma suposta tentativa de golpe no final de 2022, na qual os suspeitos teriam planejado assassinar Luiz Inácio Lula da Silva pouco antes de sua posse como presidente.
Um dos acusados é o policial federal Wladimir Matos Soares, enquanto os outros quatro são oficiais do Exército treinados em operações especiais, incluindo o general de brigada aposentado Mário Fernandes, que atuou como secretário-geral interino no gabinete do então presidente Jair Bolsonaro, de outubro de 2020 até dezembro de 2022.
As prisões ocorreram em 19 de novembro, no segundo e último dia da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, que foi sediada por Lula.
Os conspiradores teriam planejado assassinar Lula, socialista de 79 anos; seu vice, Geraldo Alckmin; e um ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
O próprio Moraes autorizou as prisões e afirmou que o objetivo do plano “era impedir a posse do governo legitimamente eleito, minar o livre exercício da democracia e a autoridade do Judiciário brasileiro.”
“Plano mais amplo” para “golpe”
“Essas ações, que atingiram o ápice entre novembro e dezembro de 2022, faziam parte de um plano mais amplo para realizar um golpe de Estado”, disse Moraes.
De acordo com informações sobre a investigação policial presentes na ordem do juiz, obtidas pela Associated Press, os detetives encontraram evidências de que Fernandes delineou um plano para matar Lula e Alckmin e visitou acampamentos de protesto em frente a bases militares, incluindo no quartel-general do Exército em Brasília.
Segundo o documento policial, Fernandes também considerou diferentes cenários, como o uso de explosivos ou veneno em um evento oficial, para assassinar Moraes.
No entanto, o documento policial aponta que não há evidências de que uma tentativa de assassinar Lula, Alckmin ou Moraes tenha sido colocada em prática.
“Isso não é um crime”
Flávio Bolsonaro, senador e filho do ex-presidente, afirmou: “Por mais repugnante que seja pensar em matar alguém, isso não é um crime.”
A polícia federal informou que cumpriu três mandados de busca, confiscou os passaportes dos suspeitos e os impediu de contatar associados. Até agora, nenhum dos cinco foi formalmente acusado de qualquer crime.
Lula, que foi presidente entre 2003 e 2011, retornou para um terceiro mandato após derrotar por margem estreita o conservador Jair Bolsonaro em 2022.
Jair Bolsonaro lançou dúvidas sobre os resultados das eleições, nunca reconheceu a derrota e viajou para os Estados Unidos dias antes da posse de Lula em 1º de janeiro de 2023.
Após as eleições de outubro de 2022, apoiadores de Bolsonaro organizaram protestos em todo o país, desafiando os resultados, bloqueando estradas e acampando em frente a bases militares.
A polícia federal afirma ter evidências de que Fernandes deu instruções e apoio financeiro aos manifestantes.
Em 8 de janeiro de 2023, milhares de manifestantes invadiram prédios governamentais em Brasília, tentando destituir Lula.
No entanto, foram impedidos pelas Forças Armadas, que permaneceram leais ao novo presidente.
No início deste mês, um ex-candidato a vereador pelo Partido Liberal de Bolsonaro foi morto após detonar explosivos em frente ao Supremo Tribunal Federal em Brasília, em um incidente que Moraes descreveu como consequência da retórica política contra as instituições do país.
O homem que morreu na explosão de 13 de novembro, Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, perdeu uma eleição para vereador em Rio do Sul, no estado de Santa Catarina, em 2020.
O diretor da polícia federal, Andrei Passos Rodrigues, declarou que o incidente da semana passada está sendo tratado como terrorismo.
Ex-líder trabalhista que ajudou a estabelecer o Partido dos Trabalhadores, de esquerda, Lula foi eleito para o Congresso do Brasil em 1986.
Ele foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em 2018 e sentenciado a 12 anos de prisão.
Lula foi libertado depois de apenas 18 meses atrás das grades, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu que o juiz do seu caso, Sergio Moro, foi tendencioso.
Bolsonaro acusou frequentemente o Supremo Tribunal brasileiro de ser tendencioso, e muitos dos apoiadores do antigo presidente viam Moraes como o seu maior inimigo.
Moraes liderou uma investigação de cinco anos sobre notícias supostamente falsas e ameaças contra juízes do Supremo Tribunal e, como resultado, alguns dos aliados e apoiadores de Bolsonaro foram banidos das redes sociais e até presos.
Moraes também presidiu o mais alto tribunal eleitoral do país quando este decidiu mais tarde que Bolsonaro estava inelegível para o cargo até 2030, julgando que Bolsonaro tinha abusado do seu poder e lançado dúvidas infundadas sobre a validade do resultado eleitoral de 2022.
A Associated Press e a Reuters contribuíram para este artigo.