Uma operação da Polícia Civil de São Paulo revelou um complexo esquema de movimentação financeira envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC), que teria movimentado cerca de R$ 8 bilhões para financiar campanhas eleitorais e outras atividades ilícitas.
A investigação, conduzida pela Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Mogi das Cruzes, começou com uma prisão por tráfico de drogas em 2023 e rapidamente se expandiu para expor uma rede de empresas e um “banco virtual do crime” operado pela facção.
O banco digital, cuja propriedade é atribuída a João Gabriel Yamawaki, primo de Anderson Manzini, conhecido como “Gordo”, preso desde 2002, foi utilizado para movimentar grandes quantias de dinheiro.
Gordo, figura de destaque dentro do PCC, e sua esposa, Fabiana Lopes Manzini, também foram implicados no esquema.
Fabiana foi presa após a apreensão de grandes quantidades de drogas em junho 2023, o que levou à descoberta de seus vínculos com o PCC e a um plano para influenciar as eleições em várias cidades de São Paulo.
Ao identificar a conexão de Fabiana com Gordo, a Dise requisitou a quebra do sigilo telemático da mulher, permitindo o acesso às suas conversas no WhatsApp.
As mensagens revelaram os planos do PCC para se inserir na política em municípios do litoral paulista, bem como na região metropolitana e no interior do estado.
As investigações mostraram que a facção criminosa utilizava o banco para financiar candidatos a vereadores em cidades como Ubatuba, Mogi das Cruzes e Santo André, além de ter planos de expandir sua influência política para a Baixada Santista, Campinas e Ribeirão Preto.
Três candidatos já foram identificados e apontados pelas autoridades como beneficiários desse esquema.
O delegado Fabrício Intelizano, que lidera a investigação, destacou que o montante de R$ 8 bilhões corresponde ao valor dos bloqueios judiciais solicitados pela polícia.
As autoridades acreditam que o dinheiro era utilizado não apenas para financiar campanhas políticas, mas também para adquirir drogas no Paraguai, rota controlada pelo PCC.
O jornal Metrópoles procurou a defesa dos mencionados na matéria, mas até o momento não foram localizados.
No total, seis integrantes do PCC estão sendo investigados, juntamente com outras 26 pessoas que também estariam ligadas às operações do crime organizado.