Planalto intervém em favor de Renan Calheiros no STF

02/11/2016 16:48 Atualizado: 02/11/2016 16:48

Existe a possibilidade de que o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) sobre a possibilidade de réus em ações penais participarem da linha sucessória presidencial, definido a princípio para amanhã (3), não ocorra.

Dependendo do desfecho do julgamento, a ADPF, que foi registrada pela Rede Sustentabilidade, pode conduzir Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado Federal, a uma condição muito difícil. Integrante da linha sucessória da Presidência da República, Renan está perto de virar réu na ação penal por corrupção passiva, falsidade ideológica e uso de documento falso. O caso se refere à presumida venda de cabeças de gado para pagar as despesas da amante de Renan e da filha que o peemedebista teve fora do casamento.

O presidente do Senado teve um relacionamento extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso ao longo de vários anos. Supostamente, Renan Calheiros teria recebido propina da empreiteira Andrade Gutierrez, que por seu turno bancou diretamente os gastos da jornalista. Para legitimar o embuste, Renan mostrou notas fiscais forjadas que comprovavam a venda de vacas, mas a Polícia Federal conseguiu provar que os documentos eram falsos, o que levou à ação judicial.

Leia também:
Admissibilidade de caso Lula é mera formalidade, diz ONU
Tempestades de primavera deixam 350 famílias desabrigadas no RS
Teori Zavascki nega pedido de Dilma para anular impeachment

De olho na aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 241/2016, chamada de PEC do Teto de Gastos, o Palácio do Planalto tem tratado Renan Calheiros com cuidado e receio. E não quer que a PEC 241 seja barrada no plenário do Senado ou que haja adiamento da votação, o que tornaria muito difícil o plano do governo de Michel Temer de tirar a economia brasileira do lamaçal da crise.

Apesar de o julgamento de uma ADPF ser bastante simples, alguns membros do governo telefonaram aos ministros do STF pedindo vistas do processo, o que pode atrasar a definição do caso. Levando em conta que Renan Calheiros sairá da presidência do Senado em 31 de janeiro, o governo arrisca que haverá algum adiamento para prevenir imprevistos na votação da PEC.