O PIB do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior e 3,3% comparado ao mesmo período de 2023, segundo o IBGE. A alta no PIB, contudo, é impulsionada por gastos públicos. Apesar do avanço geral no PIB, o setor agropecuário registrou uma queda de 2,9%, em contraste com os aumentos na indústria e nos serviços.
O crescimento do PIB foi impulsionado pela indústria, que avançou 1,8%, e pelos serviços, com alta de 1,0%. Em contraste, a agropecuária, tradicionalmente o principal motor econômico, recuou 2,9% no segundo trimestre de 2024. A queda na produção de culturas como milho (-10,3%) e soja (-4,3%) contribuiu para esse desempenho negativo.
O desempenho industrial foi impulsionado pelo crescimento de 4,2% em eletricidade, gás, água e gestão de resíduos, e pela construção civil, que avançou 3,5%. Em contrapartida, as indústrias extrativas caíram 4,4%, impactando negativamente o setor.
No setor de serviços, as atividades financeiras cresceram 2,0%, e o comércio avançou 1,4%. O consumo das famílias e a despesa de consumo do governo, ambos com alta de 1,3%, também contribuíram para o desempenho positivo do setor.
Entendendo o cálculo do PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) é o principal indicador econômico, que mede a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em uma economia durante um período específico. Ele pode ser calculado por três óticas: produção, renda e despesa.
Ótica da Produção: Calcula o PIB pelo valor adicionado de cada setor da economia (agropecuária, indústria e serviços), descontando o valor dos insumos utilizados durante a produção.
Ótica da Renda: Baseia-se na soma das remunerações dos fatores de produção, como salários, aluguéis, juros e lucros.
Ótica da Despesa: Calcula o PIB pela soma do consumo das famílias, consumo do governo, investimentos (formação bruta de capital fixo), exportações líquidas (exportações menos importações) e variação de estoques.
Endividamento do governo aumenta o PIB em 2024
O aumento da dívida pública brasileira, que em julho de 2024 ultrapassou R$ 7,1 trilhões, reflete o contínuo endividamento do governo para financiar suas despesas. Para sustentar programas e projetos, o governo emite títulos e busca recursos, frequentemente superando suas receitas. Embora essa elevação da dívida impulsione o PIB, não garante um crescimento econômico robusto e sustentável.
O aumento da dívida permite ao governo ampliar seus gastos, inflando o PIB no curto prazo. Contudo, essa expansão resulta mais de um aumento artificial de recursos do que de um crescimento genuíno na produtividade. A dívida bruta do governo geral, que alcançou 78,5% do PIB, destaca o peso significativo desse endividamento na economia.
No entanto, o aumento do PIB por meio de mais gastos públicos financiados pela dívida não é um indicativo de uma economia forte. Pelo contrário, o crescimento impulsionado pela dívida pode mascarar fragilidades estruturais, como baixo investimento privado e estagnação em setores chave, criando um ciclo de dependência de mais empréstimos para manter níveis de crescimento.