O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, somando R$ 2,989 trilhões, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, repetindo os resultados anteriores, é muito possível que os resultados não sejam sustentáveis.
A expansão, embora menor do que a observada no trimestre anterior, refletiu o impacto de políticas governamentais voltadas à estimulação da demanda interna.
O aumento do consumo das famílias em 5,5% reflete o crescimento dos gastos em bens e serviços, impulsionados por políticas de estímulo, enquanto o crescimento de 10,8% da Formação Bruta de Capital Fixo indica um aumento nos investimentos em infraestrutura e bens de capital, essenciais para elevar a capacidade produtiva da economia.
Entretanto, o crescimento da dívida pública coloca em xeque a sustentabilidade desse modelo.
O cálculo do PIB
O PIB pode ser calculado por três óticas: produção, renda e despesa.
A ótica da produção analisa o valor adicionado por cada setor da economia, como a agropecuária, indústria e serviços, descontando os insumos utilizados.
A ótica da renda considera a soma de todos os rendimentos, como salários, lucros, aluguéis e juros.
Já pela ótica da despesa, o PIB é calculado somando-se o consumo das famílias, consumo do governo, investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo), exportações líquidas e variação de estoques.
No caso do Brasil, a alta observada foi especialmente impulsionada pelo consumo das famílias e pelos gastos do governo, que registraram aumento de 1,5% e 0,8%, respectivamente.
Esse crescimento, no entanto, tem um preço.
Os estímulos à demanda, feitos por meio de gastos governamentais, aumentaram o PIB ao aquecer o consumo e incentivar o setor produtivo, mas também resultaram em um aumento significativo da dívida pública.
De acordo com a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, a dívida bruta brasileira deve chegar a 80% do PIB em 2024 e continuar crescendo nos próximos anos.
A IFI alerta para os riscos desse endividamento crescente, especialmente em um cenário de juros elevados que encarece a rolagem da dívida.
Dados recentes mostram que a dívida bruta brasileira ultrapassou a marca de R$ 9 trilhões pela primeira vez na história, atingindo 78,64% do PIB.
A alta na dívida é reflexo direto do descompasso entre arrecadação e despesas.
Embora a receita líquida tenha alcançado recorde sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não foi suficiente para cobrir o aumento dos gastos públicos.
O crescimento acelerado dos desembolsos estatais, especialmente em áreas como programas sociais e investimentos em infraestrutura, contribuiu para o desequilíbrio fiscal.
O aumento do consumo das famílias — que contribuiu com a alta do PIB — está fortemente ligado à expansão dos programas sociais e ao aumento do crédito.
O governo intensificou os programas de transferência de renda e estimulou a concessão de crédito ao consumidor, facilitando o acesso a financiamentos para bens duráveis e consumo corrente.
Por outro lado, esse aquecimento do consumo, que é benéfico para a atividade econômica no curto prazo, também amplia as preocupações em relação à inflação e à sustentabilidade fiscal.