A Polícia Federal está negociando delações premiadas no inquérito que investiga a suposta existência de uma “Abin paralela” durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi divulgada pelo diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, em declaração a jornalistas nesta terça-feira (11). Segundo Rodrigues, a expectativa é que o inquérito seja concluído até agosto.
“Existe a possibilidade de colaboração de investigados. Isso está em fase de discussão interna no inquérito com os possíveis colaboradores”, disse o diretor-geral da PF. Ele afirmou que a negociação ocorre com mais de um investigado.
O inquérito resultou em duas operações distintas. A primeira ocorreu em outubro, quando a Polícia Federal executou 21 mandados de busca e apreensão em endereços de investigados. Um dos alvos foi Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, atual deputado federal e pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro. A operação mais recente, realizada em janeiro, envolveu novos mandados de busca e apreensão, bem como medidas cautelares incluindo a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também autorizou busca e apreensão em locais associados ao vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). Até o momento, os agentes identificaram quatro grupos suspeitos de estarem envolvidos nas atividades irregulares em questão.
Segundo a Folha de S. Paulo, a PF instaurou pelo menos mais um inquérito relacionado ao caso para investigar uma suposta tentativa de obstrução de justiça por parte da atual diretoria em investigações sobre a Abin.
Na investigação, a Polícia Federal está averiguando se a Abin foi utilizada como instrumento para espionar opositores políticos, membros da mídia e ministros do Supremo Tribunal Federal. Segundo as investigações, a Abin utiliza um software chamado FirstMile para geolocalização, capaz de rastrear pessoas a partir de números de celular sem autorização judicial.
Ainda de acordo com o jornal, após a conclusão do inquérito central, a PF deverá abrir outras investigações relacionadas a cerca de 100 dossiês que foram produzidos na gestão passada que teriam indícios de ilícitos.