A Polícia Federal (PF) está conduzindo uma investigação sobre suspeitas de irregularidades em 14 processos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A apuração investiga indícios de crimes como corrupção ativa e passiva, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional.
As investigações envolvem assessores de três ministros da Corte: Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e Og Fernandes.
Não há, até o momento, nenhuma acusação formal contra os magistrados.
As suspeitas surgiram após a análise de conversas obtidas no celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023 em Mato Grosso.
O material foi analisado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e por sindicâncias internas do STJ.
Os indícios apontam para possíveis adiamentos e antecipações de decisões judiciais.
Também há suspeitas de vazamento de informações sigilosas.
Em novembro do mesmo ano, a PF prendeu o lobista Andreson Gonçalves e afastou três servidores ligados aos gabinetes investigados.
Entre os processos sob suspeita estão ações de grande impacto econômico. Essas ações incluem disputas que envolvem empresas como DuPont, J&F (controladora da JBS) e instituições financeiras como Bradesco e Santander.
A gravidade das alegações levantou preocupações sobre a integridade das decisões judiciais em casos de alto valor.
Em declaração ao portal uol, a ministra Nancy Andrighi informou que já prestou todos os esclarecimentos necessários sobre os casos em apuração. A ministra reafirmou seu compromisso com a transparência.
O STJ, por outro lado, ainda não se pronunciou oficialmente sobre as suspeitas.
A PF destacou que as investigações estão em estágio inicial. Outras irregularidades podem ser descobertas, já que apenas parte das conversas e documentos obtidos foi analisada.
A análise completa do material deve fornecer uma visão mais clara do alcance das supostas irregularidades e de quem estaria envolvido no esquema.
Os crimes investigados incluem exploração de prestígio. Servidores ou intermediários teriam utilizado influência para obter vantagens financeiras.
Também há indícios de divulgação indevida de informações sigilosas. Isso comprometeria a confidencialidade de processos judiciais.
A antecipação de decisões teria possibilitado que partes interessadas se beneficiassem de informações privilegiadas antes da publicação oficial.
O CNJ colabora com as investigações e está fornecendo documentação e relatórios preliminares que sustentam a existência de um esquema possivelmente amplo.
A expectativa é que a PF avance na coleta de provas e nos depoimentos.
O objetivo é identificar todos os envolvidos e esclarecer se houve participação ou conivência por parte de servidores do STJ.