PF indicia Renan Calheiros, Romero Jucá e Eduardo Braga por R$ 30 milhões em propina de empresa farmacêutica

Por Redação Epoch Times Brasil
20/09/2024 19:39 Atualizado: 20/09/2024 19:39

Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Eduardo Braga (MDB-AM), e o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), foram indiciados pela Polícia Federal (PF), por suspeita de cobrarem propina para favorecer o antigo grupo Hypermarcas – empresa farmacêutica que se chama atualmente Hypera Pharma.

Os três são acusados por lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção passiva. Embora o inquérito tenha iniciado em 2018, o relatório final foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) apenas em agosto deste ano.

A origem da investigação contra os três parlamentares se relaciona a um acordo de colaboração premiada, homologado em 2022 e firmado por um ex-executivo da Hypermarcas.

O então diretor de relações institucionais da empresa, Nelson Mello, revelou que foram pagos R$ 30 milhões a lobistas – intermediários que, representando seus grupos, influenciam decisões do poder público. Os lobistas teriam repassado o dinheiro aos senadores envolvidos.

Iniciada como ramificação da Operação Lava Jato em 2018, a investigação contra Jucá, Braga e Calheiros tramita sob sigilo há seis anos. O relator é o ministro do STF Edson Fachin, que enviou as conclusões da apuração à Procuradoria-Geral da República (PGR).

A Operação Lava Jato foi um conjunto de investigações deflagradas PF entre 2014 e 2021, que resultou em mais de 1.000 mandados de busca e apreensão. Além disso, culminou na prisão de mais de 100 pessoas, dentre eles empresários e políticos de expressividade nacional – inclusive o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O nome da operação se deve a um posto de combustíveis utilizado para movimentar valores fraudulentos.

Com mandatos no Senado até 2026, Calheiros e Braga têm posições-chave no governo Lula: o primeiro tem o filho como ministro dos Transportes da gestão petista, enquanto o segundo é relator da regulamentação da reforma tributária no Senado.

Já Jucá perdeu as eleições em 2018 e 2022 e, ao contrário dos dois outros parlamentares investigados, não possui foro privilegiado – mecanismo jurídico que dá condições para ocupantes de determinados cargos serem julgados pelo STF.

Calheiros é o único sem posicionamento oficial

A defesa de Romero Jucá afirmou que “repudia e repele o indiciamento recente no inquérito com base única e exclusivamente na delação premiada do executivo do grupo Hypermarcas”. Também declarou que “conquanto o inquérito esteja baseado só na palavra anômala e perniciosa do delator, optou a autoridade por indiciá-lo”.

Os advogados do ex-senador acrescentaram que “lamentavelmente, esse inquérito é uma tentativa de criminalizar a política, pois é da função parlamentar a conexão com setores da sociedade, com empresários e grupos econômicos”.

A representação jurídica de Eduardo Braga entendeu as acusações como “ilações esdrúxulas sem amparo nos elementos constantes do próprio inquérito”. Segundo a defesa do senador, “há evidências claríssimas de que o parlamentar não manteve contato com o delator, que, além de mudar sua versão 4 anos depois, baseia suas declarações em mero ‘ouvir dizer’”. 

Quanto à Hypera Pharma, a empresa “reforça que finalizou em 2020 apurações internas sobre irregularidades ocorridas entre 2013 e 2015” e que “o assunto foi concluído mediante a celebração de acordo de leniência em 2022”.