PF indicia Jair Bolsonaro e mais 36 por tentativa de golpe de Estado e organização criminosa

Relatório de 800 páginas aponta suposto envolvimento em plano para abolição do Estado Democrático e assassinato de autoridades.

Por Redação Epoch Times Brasil
21/11/2024 16:14 Atualizado: 21/11/2024 16:14

A Polícia Federal (PF) indiciou, na quinta-feira (21), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 36 integrantes do seu governo e aliados.

Eles são acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O indiciamento ocorreu após a conclusão do inquérito que investigava uma suposta articulação para manter Bolsonaro no poder, após a derrota nas eleições de 2022.

A Polícia Federal afirmou também que tinha indícios suficientes para concluir que Jair Bolsonaro sabia de um suposto plano para assassinar Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Segundo a PF, as provas foram obtidas por meio de diversas diligências, incluindo quebras de sigilos telefônico, bancário e fiscal.

Colaborações premiadas e buscas e apreensões autorizadas judicialmente também contribuíram para o levantamento de provas. O relatório final, com mais de 800 páginas, foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Agora, cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se denunciará os envolvidos à Corte. Caso a denúncia seja aceita, os indiciados passarão a ser réus e enfrentarão um julgamento pelos crimes de que são acusados.

Crimes e penas

Os indiciados são acusados de três crimes principais. Cada um desses crimes possui diferentes penas:

  • Golpe de Estado, com pena prevista de 4 a 12 anos de prisão;
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, com pena de 4 a 8 anos de prisão;
  • Organização criminosa, que prevê de 3 a 8 anos de prisão.

Eixos de atuação

A PF criou seis eixos para estruturar uma alegada rede de divisão de tarefas por parte dos indiciados:

  1. Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
  2. Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado;
  3. Núcleo Jurídico;
  4. Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
  5. Núcleo de Inteligência Paralela;
  6. Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.

Segue lista completa dos indiciados pela PF:

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  2. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
  3. Alexandre Rodrigues Ramagem
  4. Almir Garnier Santos
  5. Amauri Feres Saad
  6. Anderson Gustavo Torres
  7. Anderson Lima de Moura
  8. Angelo Martins Denicoli
  9. Augusto Heleno Ribeiro Pereira
  10. Bernardo Romão Correa Netto
  11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  12. Carlos Giovani Delevati Pasini
  13. Cleverson Ney Magalhães
  14. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  15. Fabrício Moreira de Bastos
  16. Filipe Garcia Martins
  17. Fernando Cerimedo
  18. Giancarlo Gomes Rodrigues
  19. Guilherme Marques de Almeida
  20. Hélio Ferreira Lima
  21. Jair Messias Bolsonaro
  22. José Eduardo de Oliveira e Silva
  23. Laercio Vergilio
  24. Marcelo Bormevet
  25. Marcelo Costa Câmara
  26. Mario Fernandes
  27. Mauro Cesar Barbosa Cid
  28. Nilton Diniz Rodrigues
  29. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  30. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
  31. Rafael Martins de Oliveira
  32. Ronald Ferreira de Araujo Junior
  33. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  34. Tércio Arnaud Tomaz
  35. Valdemar Costa Neto
  36. Walter Souza Braga Netto
  37. Wladimir Matos Soares

Próximos passos

Com o envio do relatório ao STF, a Polícia Federal encerrou formalmente a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. Agora, cabe à PGR decidir se apresentará a denúncia ao Supremo.

Se a Corte aceitar a denúncia, os indiciados passarão a responder como réus e serão julgados pelos crimes de que são acusados, mas até o momento, os indiciados não podem ser considerados culpados até a conclusão do julgamento pelo STF.