A Polícia Federal (PF) indiciou, na sexta-feira (16), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques e quatro policiais como suspeitos de tentar impedir o deslocamento de eleitores no Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022. De acordo com o processo da PF, a ação buscava dificultar o trânsito de eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo informações divulgadas pela Agência Brasil, as investigações apontam que os indiciados deram ordens ilegais para que a PRF realizasse operações, principalmente no Nordeste, onde Lula liderava as intenções de voto, tentando favorecer Bolsonaro, candidato à reeleição.
O relatório parcial, enviado pela PF à Procuradoria Geral da República (PGR), será analisado para decidir se há denúncia à Justiça, necessidade de mais investigações ou arquivamento por falta de provas. A PF também pediu mais prazo para apurações.
Operações em rodovias
As operações investigadas foram blitze da PRF em estradas, concentradas no Nordeste. Dados da PF mostram que, no segundo turno, 795 policiais atuaram na região, mais que em outras partes do país, onde o efetivo variou de 230 no Norte a 528 no Sudeste.
O número de ônibus fiscalizados também foi maior no Nordeste, com 2.185 veículos, comparado a 310 no Norte, 571 no Sudeste, 632 no Sul e 893 no Centro-Oeste. O elevado número de paradas levantou suspeitas sobre a atuação da PRF.
No celular de Marília Ferreira de Alencar, ex-assessora de Anderson Torres e uma das indiciadas, foram encontradas fotos de um mapeamento de municípios onde Lula obteve mais de 75% dos votos, sugerindo direcionamento das operações para essas áreas.
Prisões e desdobramentos
Silvinei Vasques ficou preso por quase um ano sob a acusação de usar a PRF para impedir o deslocamento de eleitores, mas foi solto na semana passada por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que substituiu a prisão por medidas como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de redes sociais.
Anderson Torres também foi preso em janeiro, acusado de omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro, quando era secretário de Segurança do Distrito Federal. Ele foi liberado em maio, após quatro meses de detenção.
O advogado de Silvinei, Eduardo Nostrani Simão, em resposta a perguntas da mídia afirmou que as acusações não se enquadram no crime grave descrito pela PF e espera o arquivamento do caso pela PGR. Segundo ele, “preferência política não se encontra no tipo penal”.