Na manhã desta quinta-feira (3), a Polícia Federal (PF) deu início à operação “Tupinambarana Liberta”, voltada para investigar possíveis manipulações nas eleições municipais de Parintins, no interior do Amazonas.
Os alvos da ação são os seguintes membros da alta cúpula do governo estadual: Armando Silva do Valle, diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama); Marcos Apolo Muniz, secretário de Cultura; e Fabrício Barbosa, secretário de Administração.
A investigação, que mobilizou cerca de 50 policiais federais, teve início após divulgação de vídeo que revela reunião entre os investigados considerada suspeita, na qual foram discutidas estratégias para favorecer a candidata Brena Dianná, do União Brasil.
O vídeo foi gravado no dia 2 de agosto na residência de Adriane Cidade, ex-assessora e prima do deputado estadual licenciado Roberto Cidade, que é candidato à Prefeitura de Manaus. Adriane também está sob investigação pela PF.
Além dos secretários, os policiais procuraram o tenente-coronel Jackson Ribeiro e o capitão Guilherme Navarro, ambos da Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), que não foram localizados durante a operação.
A PF executou mandados de busca e apreensão em locais estratégicos em Manaus, como um apartamento na Avenida Darcy Vargas e um condomínio no bairro Adrianópolis.
Na noite anterior à operação, as exonerações dos investigados foram anunciadas, atendendo a recomendações do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), que instaurou um Inquérito Civil sobre a situação.
Dentre as medidas cautelares, a Justiça Eleitoral determinou a proibição de acesso dos investigados à Parintins. Também decidiu pela vedação de contatos entre eles, bem como a comunicação com coligações partidárias na cidade.
Facções criminosas e agentes públicos
A investigação também revelou uma reunião entre os ex-secretários e os dois policiais militares, na qual admitem que compraram votos em eleições passadas; seguiram viaturas da PF para praticar crimes longe dos agentes; e prometem trazer bandidos envolvidos com milícias e crime organizado à cidade para serem presos em uma operação “forjada” pela polícia.
Além disso, foram identificadas ameaças feitas por líderes de facções criminosas. Estes restringiam o acesso de candidatos a determinados bairros, evidenciando possível conivência de agentes públicos para favorecer candidaturas específicas.
Em nota, o governo do Amazonas confirmou as exonerações e afirmou colaborar com a transparência nas investigações.
Confira a nota na íntegra:
O Governo do Amazonas informa que, diante dos fatos recentes e para que a Justiça possa realizar o trabalho de investigação que julgar necessário, o governador Wilson Lima está exonerando Fabrício Rogério Cyrino Barbosa e Marcos Apolo Muniz de Araújo, dos cargos de Secretário de Estado de Administração e Secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa, respectivamente; e Armando Silva do Valle, do cargo de diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama).
O Governo do Estado reforça que, além de garantir a lisura das investigações, o ato tem como objetivo permitir que os citados se defendam de forma isonômica e justa. Ao final do processo legal de investigação, em se comprovando a inocência das partes, os mesmos retornam aos cargos.
Por fim, seguindo recomendação do Ministério Público do Estado (MPE-AM), o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Klinger Paiva, exonerou o tenente-coronel Jackson Ribeiro dos Santos do cargo de Comandante das Rondas Ostensivas Cândido Mariano e o capitão Guilherme Navarro Barbosa Martins, que integrava a Companhia de Operações Especiais (COE), que passam a realizar funções administrativas até o fim das investigações.