Pesquisadores do Congresso Botânico Internacional decidiram alterar os nomes de mais de 200 espécies de plantas que continham o termo “caffra,” que foi usado de forma pejorativa na África do Sul. A palavra será substituída por “affra,” em um esforço para eliminar conotações consideradas racistas da nomenclatura científica.
O termo “caffra” ou “kaffir” se tornou altamente pejorativa e ofensiva, especialmente na África do Sul. Usado por colonizadores europeus, inicialmente a palavra se referia aos povos da região que não eram cristãos. A palavra tem raízes no árabe, onde “kaffir” significa “incrédulo” ou “não-crente”, mas no contexto sul-africano ele é similar ao termo “nigga” nos Estados Unidos.
A espécie da árvore coral da costa, por exemplo, mudará o nome de Erythrina caffra para Erythrina affra a partir de 2026.
A presença dessa palavra em nomes científicos foi identificada como um problema, levando a pressões para que fosse removida. A decisão de substituí-la foi tomada após debates no Congresso Botânico Internacional.
Processos e debates
A revisão dos nomes científicos foi feita por um comitê de ética estabelecido pelo Congresso Botânico Internacional que analisou os nomes das espécies para identificar aqueles que poderiam ser considerados ofensivos ou insensíveis, e propôs as mudanças necessárias.
O processo gerou debates entre os especialistas, especialmente em relação aos impactos potenciais na literatura científica e na identificação das espécies. Uma das preocupações levantadas foi a possibilidade de confusão nas pesquisas científicas e nos registros históricos.
Exemplo de outras mudanças
Esse caso é o primeiro de mudança nos nomes científicos, contudo, outras mudanças por razões políticas nos nomes populares já ocorreram. Um exemplo ocorreu nos Estados Unidos, onde o peixe conhecido como “squawfish” teve seu nome alterado para “pikeminnow.” O termo “squaw” era considerado ofensivo para alguns indígenas americanos, o que motivou a alteração nos anos 1990.
Outro caso recente envolveu o pássaro conhecido como “Gray Jay” no Canadá, que teve seu nome original “Canada Jay” restaurado. A mudança foi impulsionada por campanhas que argumentavam que o nome original refletia melhor a identidade nacional canadense e era preferível a um termo que tinha conotações associadas ao colonialismo.