O cenário atual do consumo pela internet no Brasil mostra um comportamento cada vez mais digital, impulsionado por vantagens como conveniência e preços mais baixos. No entanto, esse cenário crescente de aproximação com o digital estimula medidas tributárias que afetam diretamente o acesso dos consumidores a produtos importados, seja facilitando ou prejudicando o comércio.
Uma pesquisa publicada na quarta-feira (4) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que 59% dos brasileiros já realizaram algum tipo de compra online. Esse dado evidencia a crescente importância do e-commerce no país.
De acordo com a pesquisa, 36% dos brasileiros que compram pela internet já deixaram de adquirir produtos nacionais para optar por importados. O principal motivo apontado foi o menor preço dos produtos estrangeiros — justificativa dada por 54% dos entrevistados.
Essa mudança de comportamento reflete a busca dos consumidores por ofertas mais vantajosas, mesmo que fora das fronteiras brasileiras. Entretanto, com a recente aprovação de uma taxa de 20% sobre produtos importados comprados pela internet, especialistas temem que essa vantagem competitiva dos produtos importados seja drasticamente reduzida. Isso pode impactar negativamente aqueles que dependem de preços acessíveis em plataformas internacionais.
A pesquisa também destacou que 74% dos brasileiros reconhecem vantagens em comprar pela internet. Os fatores mais citados são o menor preço e a conveniência.
Por outro lado, 66% enxergam desvantagens, como a demora na entrega, sendo essa uma das principais razões pelas quais muitos ainda preferem realizar compras presencialmente. Além disso, 40% dos consumidores online já afirmaram ter feito compras por impulso e se arrependido posteriormente.
O crescimento do e-commerce no Brasil em 2023, com uma alta de 4,8% que atingiu R$ 196,1 bilhões, demonstra a consolidação do comércio digital como um dos principais canais de consumo no país.
Apesar disso, a nova taxa de 20%, conhecida como “Taxa das Blusinhas”, sobre produtos importados, adiciona um novo desafio tanto para consumidores quanto para comerciantes. Eles podem enfrentar um aumento de custos e uma menor competitividade no mercado de importados.
Enquanto o Brasil endurece sua política tributária sobre produtos importados, a Argentina adotou uma postura diferente. O país anunciou a isenção de impostos para compras internacionais de até US$ 400.
A medida, que entrou em vigor em dezembro de 2024, visa ampliar o acesso dos consumidores argentinos a produtos mais baratos, aliviando a carga financeira em um contexto de alta inflação e crise econômica.
Essa abordagem contrasta diretamente com a decisão brasileira e reflete as diferentes estratégias dos países na gestão do comércio internacional e no estímulo ao consumo online.
Essas diferenças nas políticas tributárias entre Brasil e Argentina mostram caminhos divergentes no incentivo ao consumo pela internet.
Enquanto o Brasil alega proteger a indústria nacional com a nova taxação, a Argentina busca facilitar o acesso a produtos importados, aumentando o poder de compra de seus cidadãos.
O impacto real dessas medidas sobre o comportamento dos consumidores brasileiros ainda será observado. No entanto, o ambiente digital, que vinha em franca expansão, agora enfrenta novos desafios.