Perspectiva de inflação piora novamente

Expectativa de inflação retomou alta e superou valor de duas semanas atrás, saindo de 4,02 para 4,05%.

Por Matheus de Andrade
22/07/2024 19:47 Atualizado: 22/07/2024 19:47

O Relatório Focus divulgado pelo Banco Central na segunda (22) mostrou que a perspectiva da inflação para o fim de 2024 voltou a subir. Após um breve período de uma semana de queda de 0,2 %, as expectativas de inflação voltaram a subir mais do que caiu, 0,5%. A mediana da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu de 4,00% para 4,05% na última semana.

A inflação é um dos indicadores econômicos mais importantes, pois afeta diretamente o poder de compra da população. Quando os preços sobem, o custo de vida aumenta, pressionando os orçamentos familiares. Itens básicos como alimentos, combustíveis e medicamentos ficam mais caros, obrigando as famílias a reavaliarem suas despesas e, muitas vezes, reduzirem o consumo de produtos e serviços.

Para aqueles que vivem com renda fixa, como aposentados e pensionistas, a alta da inflação é particularmente desafiadora. Seus rendimentos não acompanham o aumento dos preços, o que pode levar a uma redução significativa no padrão de vida.

Além disso, a inflação elevada pode erodir o valor das economias, impactando negativamente quem depende de juros de investimentos conservadores.

Outros indicadores econômicos

O Relatório Focus também trouxe previsões sobre outros indicadores econômicos. A taxa de câmbio, por exemplo, foi ajustada para cima, passando de R$ 5,22 para R$ 5,30 por dólar. A valorização do dólar encarece produtos importados, como uma geladeira, como o trigo para fazer o pão, insumos para adubar e cuidar do arroz e do feijão e máquinas para fabricar qualquer produto, aumentando ainda mais a pressão inflacionária.

Outro ponto de destaque é a previsão para a taxa Selic, que se manteve estável em 10,50% ao ano para estimular a compra de reais através de títulos em real e o investimento, contudo, taxas de juros elevadas encarecem o crédito, dificultando o acesso a financiamentos e empréstimos por parte de empresas e consumidores.

O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), outro indicador de inflação, subiu de 3,42% para 3,49%. Esse índice é amplamente utilizado para reajustar contratos de aluguel e tarifas públicas, impactando diretamente o orçamento das famílias e das empresas.

A balança comercial, que mede a diferença entre exportações e importações, teve uma previsão estável em US$ 82 bilhões.

O investimento direto no país (IDP), um indicador de confiança dos investidores estrangeiros na economia brasileira, apresentou uma leve queda, passando de US$ 70 bilhões para US$ 69,59 bilhões. A redução no IDP pode sinalizar uma maior cautela dos investidores em relação ao cenário econômico do país.

Impactos no PIB e no mercado de trabalho

A previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) também foi revisada, passando de 2,11% para 2,15%.

Embora isso represente uma leve melhora, a alta inflação e os juros elevados podem neutralizar parte desse crescimento. A combinação desses fatores tende a afetar negativamente o mercado de trabalho, uma vez que empresas podem adiar ou cancelar planos de expansão e contratação devido ao aumento dos custos operacionais e à menor demanda.

Dívida pública e resultados fiscais

A dívida líquida do setor público em relação ao PIB manteve-se estável em 63,70%. Este indicador é importante para avaliar a sustentabilidade fiscal do país. Uma dívida elevada pode limitar a capacidade do governo de investir em áreas essenciais, como saúde e educação, além de aumentar os custos com juros da dívida.

O resultado primário, que exclui o pagamento de juros da dívida, manteve-se em -0,70% do PIB. Este déficit primário indica que o governo está gastando mais do que arrecada, o que pode exigir ajustes fiscais no futuro para garantir a sustentabilidade das contas públicas.