O Primeiro Comando da Capital (PCC) tem estendido sua influência para além das atividades comuns do crime organizado, infiltrando-se em contratos públicos e campanhas eleitorais municipais em São Paulo para realizar lavagem de dinheiro.
Essa informação foi revelada pelo coronel Pedro Luís de Sousa Lopes, chefe do setor de Inteligência da Polícia Militar paulista, durante o encontro anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), realizado nesta quinta-feira (15).
Segundo o coronel, o crescimento exponencial dos lucros da facção criminosa, principalmente advindos do tráfico internacional de drogas, permitiu que o PCC diversificasse suas operações, utilizando o financiamento de campanhas eleitorais como uma nova forma de lavar dinheiro.
“O que mudou foi o tráfico internacional de drogas. De 2014 em diante, eles estão capitalizados e a dinâmica mudou. Tenho que reconhecer que mudou. Tem dinheiro para financiar [campanhas]”, declarou Lopes.
Lopes destacou que o PCC enfrenta dificuldades para lavar o volume crescente de dinheiro obtido com o tráfico em operações legais, o que tem levado a facção a se expor de maneira imprudente.
“É muito dinheiro, muito dinheiro. Tanto é verdade que não é nem a estratégia mais inteligente, porque eles estão se expondo. Tem uma série de contratos públicos expondo integrantes da cúpula do PCC,” afirmou o coronel, sugerindo que a organização criminosa possa estar se tornando excessivamente confiante em suas operações.
O coronel Lopes alertou que a facção criminosa está ampliando sua influência política. “Hoje, existe uma inclinação perigosa em relação à política. É muito maior do que imaginava. Não dá para falar em 100, 200 municípios,” disse ele.
Lopes também ressaltou que o PCC se concentra em municípios menores, onde a vulnerabilidade é maior. “Quanto menor o município, mais vulnerável,” afirmou Lopes, observando que há vários municípios com indícios de que o crime organizado já está atuando como financiador de campanhas eleitorais.
De acordo com o coronel responsável pela Inteligência da PM, foram realizadas reuniões com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e com todos os gestores regionais para abordar a questão.
Ele explicou que o que está sendo discutido com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e com os partidos é a necessidade de serem informados sobre qualquer forma de ingerência ou manifestação que possa restringir o processo eleitoral devido a práticas criminosas. Segundo ele, tem sido recebido um volume significativo de material em decorrência dessa colaboração.