Para Copom, de forma unânime, Selic em 10,5% é necessária para controlar inflação crescente

Decisão de manutenção da taxa Selic foi apoiada de forma unânime pelos membros do comitê.

Por Matheus de Andrade
07/08/2024 18:02 Atualizado: 07/08/2024 18:03

Em sua 264ª reunião realizada nos dias 30 e 31 de julho de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. A decisão foi tomada após uma análise detalhada da conjuntura econômica nacional e internacional, destacando os desafios e riscos que influenciam a política monetária.

O ambiente econômico global continua a ser marcado por incertezas significativas. O Copom observou que a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e suas implicações para a atividade econômica e a inflação em vários países ainda são fontes de preocupação.

Os bancos centrais das principais economias permanecem focados na convergência das taxas de inflação para suas metas, o que gera pressão nos mercados de trabalho e exige cautela dos países emergentes, como o Brasil.

No cenário doméstico, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho têm se mostrado mais dinâmicos do que o esperado. Embora a diminuição da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tenha arrefecido, as medidas de inflação subjacente ainda estão acima da meta. As expectativas de inflação para 2024 e 2025, coletadas pela pesquisa Focus, situam-se em torno de 4,1% e 4,0%, respectivamente.

Análise de riscos

Os cenários considerados pelo Copom indicam um processo de desinflação ao longo do horizonte relevante dos anos de 2024, 2025 e 2026, porém, as projeções permanecem acima da meta de inflação de 3%. Para o primeiro trimestre de 2026, a projeção de inflação acumulada em quatro trimestres é de 3,4% no cenário de referência e de 3,2% no cenário alternativo. Para os anos de 2024 e 2025, as projeções de inflação são de 4,2% e 3,6%, respectivamente, no cenário de referência.

O Comitê avalia que o cenário externo permanece adverso, com menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, contribuindo para a volatilidade das variáveis de mercado. Nos países emergentes, observa-se um ciclo cauteloso de queda de juros, que reflete um cenário desafiador para essas economias.

Decisão de política monetária

Diante dessa conjuntura, o Copom decidiu, de forma unânime, manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. A decisão levou em conta a necessidade de consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas de inflação. O Comitê enfatizou que a política monetária deve permanecer contracionista, com maior taxa de juros, por tempo suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.