Panorama da Pequena Indústria: falta de confiança cresce diante do cenário econômico e melhora é especulada para os próximos meses

Alta carga tributária e demanda interna insuficiente são citadas como principais problemas.

Por Matheus de Andrade
31/07/2024 14:14 Atualizado: 31/07/2024 14:14

O relatório Panorama da Pequena Indústria divulgado na quarta-feira (31) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou dados mistos dos industriais. Ao mesmo tempo que os dados atuais são negativos, ainda há esperança de uma melhora nos próximos meses.

Em julho de 2024, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) das pequenas indústrias caiu para 49,3 pontos, abaixo da linha divisória de 50 pontos que separa a confiança da falta de confiança. Esse valor também está abaixo da média histórica de 52,7 pontos e dos números registrados em julho dos anos anteriores.

Essa queda é atribuída principalmente à percepção negativa sobre as condições correntes, apesar de as expectativas para os próximos meses permanecerem favoráveis. Esse dado é preocupante, pois indica uma falta de otimismo entre os empresários em relação ao ambiente econômico atual.

O desempenho das pequenas indústrias em junho de 2024 manteve-se estável, com o Índice de Desempenho atingindo 45,3 pontos. A Indústria Extrativa apresentou uma alta de 1,3 pontos, enquanto a Indústria de Transformação se manteve praticamente inalterada com alta de 0,3 e a Indústria da Construção sofreu uma queda de 1,8. 

A situação financeira das pequenas indústrias mostrou uma ligeira melhora no segundo trimestre de 2024, com o Índice de Situação Financeira alcançando 41,1 pontos, superando a média histórica de 38,5. Essa melhora foi impulsionada pelo desempenho positivo da Indústria de Transformação, que registrou aumentos na margem de lucro operacional e na satisfação com a situação financeira.

No entanto, a melhora geral é moderada, e os desafios persistem, especialmente para as indústrias que ainda enfrentam dificuldades no acesso ao crédito.

Desafios enfrentados

A elevada carga tributária foi destacada como o principal problema enfrentado por 43,5% das indústrias de Transformação e 33,3% das indústrias da Construção. A demanda interna insuficiente e as altas taxas de juros também foram apontadas como grandes desafios. A manutenção de juros elevados, com a taxa Selic em 10,50% ao ano, tem dificultado o acesso ao crédito, tornando-o mais caro e menos acessível, o que afeta a capacidade de crescimento e de investimento dessas empresas.

Apesar dos desafios, as perspectivas para o segundo semestre de 2024 são vistas com certo otimismo. O Índice de Perspectivas da pequena indústria subiu para 49,5 pontos. Esse otimismo é particularmente forte na Indústria de Transformação, onde se espera um aumento na demanda, no número de empregados e na intenção de investimento. Essa melhoria nas expectativas sugere que, apesar das dificuldades, os empresários acreditam em um cenário de recuperação e expansão para os próximos meses.