Eleito senador por Minas Gerais, Rodrigo Pacheco (PSD) está considerando lançar sua candidatura para o governo do Estado com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Contudo, o impasse em torno da decisão do governo de contestar na justiça as desonerações na folha de pagamento, concedidas pelo Congresso a milhares de municípios e a 17 setores econômicos, pode complicar os planos do senador.
Na última quinta-feira (2), em meio a uma semana tensa entre o Legislativo e o Executivo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o senador Rodrigo Pacheco se reuniram no Palácio da Alvorada. O encontro ocorreu após o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender trechos da lei que prorrogou a desoneração da folha de pagamento. A medida foi uma resposta a uma solicitação do governo, formalizada por meio de uma petição da AGU (Advocacia Geral da União), que argumenta que a redução das alíquotas não apresenta o impacto fiscal das medidas em seus projetos.
Durante a reunião, o senador expressou sua preocupação com os empregadores, municípios e estados, destacando que esses atores enfrentarão aumentos nas suas taxas de contribuição previdenciárias.
Pacheco, que convocou uma sessão no Senado para discutir as dívidas previdenciárias das cidades em 13 de maio, já havia expressado sua insatisfação com a decisão do governo federal, considerando-a um “erro”. De forma contundente, o senador enfatizou a liminar concedida por Zanin, que suspendeu o benefício, como uma “vitória ilusória” do governo, alertando para o fato de que tal medida também provoca uma “crise de confiança entre os Poderes”.
Devido aos desentendimentos e discordâncias públicas sobre o assunto, a relação política entre Pacheco e Lula pode estar abalada. Em um momento mais cordial, em fevereiro deste ano, Lula mencionou em uma entrevista à Rádio Itatiaia que o senador do PSD deveria ser considerado como um possível candidato para a disputa pelo governo.
“Pacheco é, possivelmente, a grande personalidade pública de Minas Gerais hoje no cenário nacional. […] Eu acho que ele é uma figura que tem que ser levada em conta em qualquer discussão eleitoral em Minas Gerais”, disse o petista.
A situação atual, porém, estaria bem diferente.
Conforme publicado pelo jornal Gazeta do Povo, Lula informou à liderança de seu partido sobre a necessidade de ampliar as alianças em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, com a perspectiva de contar com Pacheco como candidato à sucessão de Zema. No entanto, nas últimas semanas, certas posturas do presidente do Senado têm gerado preocupações no círculo próximo de Lula. Há receios de possíveis retaliações por parte de Pacheco e dos efeitos de propostas polêmicas, especialmente a proposta de emenda à Constituição (PEC) que visa promover reajustes salariais reais e automáticos para juízes e outras categorias. Durante o jantar com Pacheco, Lula teria tentado persuadi-lo a dar menos ênfase a essa pauta.