Por Agência EFE
O Partido Liberal, o maior da oposição no Paraguai, afirmou nesta quarta-feira (27) que a homenagem que o presidente Jair Bolsonaro fez ontem ao ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1954-1989) foi uma “afronta”.
Bolsonaro participou com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, na usina de Itaipu, compartilhada pelos dois países, e homenageou os responsáveis pela construção da hidrelétrica.
Stroessner foi chamado de “estadista” por Bolsonaro, que ainda ressaltou, antes de homenageá-lo pela construção de Itaipu, que o ditador paraguaio “sabia perfeitamente o que queria”.
“Minha homenagem ao general Alfredo Stroessner”, disse Bolsonaro, aplaudido pelo público presente na cerimônia na sequência.
Para o líder do Partido Liberal do Paraguai, Efraín Alegre, as declarações do presidente brasileiro são uma “afronta e uma falta de respeito com milhares de compatriotas que foram perseguidos, torturados e mortos”, afirmou.
Sobre o silêncio de Abdo Benítez, que não comentou as declarações de Bolsonaro, o líder da oposição paraguaia sugeriu que o presidente do país “talvez compartilhe dessa visão” sobre a ditadura.
“A mensagem que o governo está enviando é que eles simpatizam com Stroessner. Se não o fazem, seria bom que o presidente afirmasse isso com muita clareza”, criticou Alegre.
Desde a campanha eleitoral, Abdo Benítez tenta se desvencilhar da imagem do ditador paraguaio. O pai do presidente do país, Mario Abdo, foi secretário particular de Stroessner durante a ditadura.
No início do mês, quando o Paraguai comemorou 30 anos do fim da ditadura de Stroessner, Abdo Benítez foi muito criticado ao responder sobre o significado da data para ele. O presidente riu do questionamento e simplesmente disse que o golpe contra o ditador coincide com a fundação da Ciudad del Este.
O presidente do Paraguai veio ao Brasil para discutir o futuro de Itaipu. O tratado de exploração da usina, assinado pelos dois países, termina em 2023.
Bolsonaro e Abdo Benítez terão que renegociar o anexo C do tratado para definir o que fazer com metade da energia gerada pela represa, que corresponde ao Paraguai, cujos excedentes eram vendidos ao Brasil por preço de custo.
Alegre disse que a oposição paraguaia está preocupada que as negociações sigam a “linha stronista de entrega dos interesses do Paraguai em matéria energética”.
“Temos que estar atentos e em condições de dizer não ao Brasil, que não vamos aceitar esse preço”, ressaltou o opositor.