Oferta de caças J-10 pela China ao Brasil não avança por limitação financeira e decisão estratégica

Proposta esbarra em questões orçamentárias e programa com a fornecedora sueca Saab.

Por Redação Epoch Times Brasil
14/01/2025 08:13 Atualizado: 14/01/2025 08:13

Em 4 de janeiro de 2025, a revista Veja divulgou informações sobre uma nova proposta apresentada pela China ao governo brasileiro: a oferta de caças de combate Chengdu J-10. As negociações não teriam avançado devido a restrições financeiras e à decisão estratégica do Brasil em priorizar o programa Gripen, da sueca Saab, já em andamento.

A proposta chinesa envolveria a doação de caças J-10 ao Brasil em troca de acesso ao Centro de Lançamento de Alcântara, localizado no Maranhão. Este centro, crucial para lançamentos de satélites devido à sua proximidade com a Linha do Equador, poderia facilitar as operações espaciais da China.

A ideia era que os caças J-10, modelo multifuncional utilizado pela China e pelo Paquistão, ajudassem a preencher uma lacuna operacional na Força Aérea Brasileira (FAB), entre os Super Tucano e os Gripen.

Prioridade do programa Gripen

Há mais de uma década, o Brasil firmou um contrato com a fabricante Saab para a aquisição de 36 caças Gripen NG. O programa F-X2, que visa substituir a frota de F-5 da FAB, foi assinado em 2013 e inclui transferência de tecnologia, com a participação da Embraer na produção dos equipamentos.

A entrega das aeronaves está prevista para até 2027, mas com atrasos e cortes orçamentários, há a expectativa de que o cronograma seja prorrogado. 

Até o final de 2023, nove caças Gripen estavam em operação na Base Aérea de Anápolis, e a FAB planeja reativar o Esquadrão Pacau, direcionado a missões de defesa aérea.

Chengdu J-10 e capacidades

Considerado um caça de quarta geração, o Chengdu J-10 é projetado para missões de superioridade aérea e ataque à superfície. Com um radar AESA avançado e armamentos sofisticados, o J-10 tem desempenho comparável ao F-16 americano.

A variante de exportação, o J-10CE, foi destacada pelas suas capacidades versáteis de combate e exibida no Air Show China 2024 — feira comercial de indústria aeroespacial.

A China tem constantemente oferecido diversos equipamentos militares ao Brasil, mas as dificuldades financeiras do país têm dificultado o fechamento de acordos.

Expansionismo militar chinês

O país asiático busca ampliar sua presença no mercado mundial de defesa. Na África, por exemplo, já se tornou o maior fornecedor de armas, superando a Rússia. Em vez da presença militar direta, a China aposta em exercícios militares conjuntos, fornece armamentos e promove projetos de infraestrutura, mineração e tecnologia, criando redes de influência.

Países como Mauritânia, Benin e Senegal, têm adquirido veículos blindados chineses, especialmente na região do Sahel, onde o terrorismo islâmico é uma constante ameaça. O Exercício Peace Unity 2024 celebrou os 60 anos de cooperação militar entre China e Tanzânia, com a presença de tropas de ambos os países.

Além disso, a China disputa com a Turquia a liderança em influência na área dos SARPs — normas e métodos recomendados pela aviação internacional. Recentemente, os drones turcos Bayraktar foram substituídos pelos Tsayhuns chineses, amplamente empregados pela Força Aérea da Etiópia e pela República Democrática do Congo em seus respectivos conflitos.

Até mesmo as autoridades marroquinas pró-ocidentais teriam começado a utilizar drones chineses de diferentes tipos. Eles também desempenham um papel cada vez mais importante no conflito do Sudão, sendo utilizados por ambos os lados para tarefas de reconhecimento.