O senador Eduardo Girão (Novo-CE) criticou, em pronunciamento nesta sexta-feira (24), decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que beneficiaram o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente da empreiteira Odebrecht Marcelo Odebrecht, que haviam sido condenados na Operação Lava Jato. O parlamentar avaliou que o Supremo segue agindo como “protagonista” do país e que “o mundo está olhando para cá, pois é uma ditadura que existe aqui, a da toga”.
“Esta semana foi muito emblemática, porque nós tivemos mais inversão de prioridades da nossa Corte, de prioridade não, de valores, soltando, livrando pessoas, o que é um tapa na cara da sociedade — pessoas com problema de corrupção, lavagem de dinheiro. É um malabarismo que se faz para beneficiar essas pessoas e empresas corruptas, que a Lava Jato, que fez há pouco tempo dez anos, e colocou atrás das grades políticos poderosos, empresários poderosos.”
O parlamentar destacou que as decisões do STF foram tomadas no mesmo dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, por unanimidade, rejeitar o pedido de cassação do mandato do senador Sergio Moro (União-PR). Para Girão, a escolha da data foi proposital.
“Nada é por acaso: o sistema colocou a votação no mesmo dia. Vocês acham que é coincidência? No mesmo dia a votação do Zé Dirceu, da questão do Marcelo Odebrecht, e do nosso colega Sergio Moro. No mesmo dia! É como se quisesse mandar a mensagem seguinte: tudo é um balaio só. E aí vem aquele verniz de que o TSE liberou o Sergio Moro, absolveu-o. Vamos parar com isso, a gente está vendo o que o TSE está fazendo. […] Fez mais do que a sua obrigação agora, cumprir a lei, depois de tantas atrocidades!”
O parlamentar também criticou o julgamento pelo STF dos acusados pela invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Segundo Girão, os réus não têm foro privilegiado e não poderiam ser julgados pela Corte.
“Tem que ser punida essa minoria, eu sempre disse isso, não compactuo com violência. Agora, dizer que foi tentativa de golpe de Estado? Vamos parar de brincadeira! Num domingo, as pessoas com bandeira, sem nenhuma arma, sem qualquer liderança, grupo disperso… Botar 17 anos?! Ontem mesmo, pegaram um senhor de idade. O que está acontecendo de injustiça neste país não é brincadeira.”