Por Brehnno Galgane, Terça Livre
Na sexta-feira (4), a empresa responsável pela vacina chinesa Coronavac reconheceu que o seu CEO, Yin Weidong, esteve envolvido em um escândalo de corrupção e pagamento de propina para a liberação de seus imunizantes na China entre 2002 e 2011. O CEO disse ainda, em depoimento, que não poderia recusar pedidos de dinheiro de um “oficial regulador”.
No testemunho em tribunal de 2016, o fundador e presidente-executivo (CEO) da Sinovac, Yin Weidong, admitiu ter dado mais de US$ 83 mil em subornos de 2002 a 2011 para um oficial regulador que supervisionava as análises de vacinas, Yin Hongzhang, e sua esposa. O CEO não foi acusado e continua a supervisionar a campanha de vacinação contra o coronavírus da empresa este ano.
Yin Hongzhang confessou ter recebido os subornos e em troca iria emitir as certificações de vacinas da empresa Sinovac. Hongzhang foi condenado em 2017 a 10 anos de prisão, por aceitar subornos da Sinovac e de sete outras empresas.
Em seu último relatório anual, divulgado em abril, Sinovac disse que Yin Weidong “não foi acusado de nenhum crime ou conduta imprópria e ele cooperou como testemunha com a procuradoria. Pelo que sabemos, as autoridades chinesas não iniciaram nenhum processo legal ou inquérito do governo contra o Sr. Yin.”
Em uma declaração, um porta-voz da Sinovac disse que a empresa confiou ao sistema jurídico a tarefa de lidar com os casos de suborno anteriores de forma adequada. Ele disse que a capacidade de o CEO de fazer seu trabalho não foi afetada. Além disso, Sinovac não disponibilizou Yin Weidong para uma entrevista.
O relatório anual disse ainda que a Sinovac manteve políticas rígidas de combate à corrupção, mas que “essas políticas podem não ser totalmente eficazes”.
A vacina Coronavac pode acabar sendo adotada em vários mercados em desenvolvimento, como o Brasil, Turquia e Indonésia. Entretanto, a Sinovac ainda não divulgou dados da eficácia, tornando suspeito se ela pode, de fato, proteger os usuários com tanto sucesso.
“O fato de a empresa ter um histórico de suborno lança uma longa sombra de dúvidas sobre suas alegações de dados não publicados e não revisados por pares sobre sua vacina”, disse Arthur Caplan, diretor da divisão de ética médica do New York University Langone Medical Center.
“Mesmo em uma praga, uma empresa com um histórico moralmente duvidoso deve ser tratada com grande cautela em relação às suas reivindicações”, finalizou o diretor Caplan.
Diante toda essa realidade, o que é preocupante para o Brasil é o fato de que o atual governador da cidade de São Paulo, João Doria, mesmo com todas as suspeitas envolvendo a vacina do país comunista, continua lutando para viabilizá-la à população, até mesmo, aparentemente, de forma compulsória.
O governador chegou a afirmar que a Coronavac é a vacina mais segura que o país já testou.
“Os primeiros resultados do estudo clínico realizado no Brasil comprovam que, entre todas as vacinas testadas no país, a CoronaVac é a mais segura, a que apresenta os melhores e mais promissores índices”, disse o governador paulista.
Doria disse ainda, na semana passada, que há a possibilidade de comprar a vacina chinesa mesmo se for reprovada.
“Mas se houver [uma decisão] negativa, por razão política ou ideológica, São Paulo comprará e disponibilizará a vacina para todos os governos estaduais”, disse o governador.