“Não contem com o governo para mudar a lei sobre o aborto”, diz ministro das Relações Institucionais

Projeto de Lei em discussão no Congresso equipara aborto a partir de 22 semanas de gestação a crime de homicídio

Por Redação Epoch Times Brasil
15/06/2024 12:20 Atualizado: 15/06/2024 12:20

Em meio a debates intensos sobre o projeto de lei que propõe equiparar o aborto realizado a partir de 22 semanas de gestação ao crime de homicídio, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, declarou nesta sexta-feira (14) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não dará respaldo ao projeto.

Padilha enfatizou que essa posição reflete um compromisso de Lula e que o governo federal trabalhará para evitar a aprovação da proposta na Câmara dos Deputados.

“Não contem com o governo para mudar a legislação de aborto no país, ainda mais para um projeto que estabelece que uma mulher estuprada vai ter uma pena duas vezes maior que a do estuprador. Não contem com o governo para essa barbaridade”, declarou.

Na quarta-feira (12), a Câmara aprovou o requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) na Casa. Com a medida, o texto não precisará passar por comissões temáticas e poderá seguir diretamente para análise em plenário.

Outros ministros do governo Lula expressaram apoio à posição do governo. A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, afirmou que o PL representa a “instrumentalização de um tema complexo”. 

“Eu, pessoalmente, sou contra o aborto. É uma atitude altamente desrespeitosa e desumana com as mulheres achar que o estuprador deve ter uma pena menor do que a mulher que foi estuprada e que não teve condição de ter acesso, dentro do tempo, para fazer o uso da lei que lhe assegura o direito ao aborto legal”, afirmou.

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, classificou a proposta que protege a vida do feto a partir de 22 semanas de idade gestacional como “desastrosa”.

“Esse projeto representa retrocesso e desprezo pela vida das mulheres. Esse não é o Brasil que queremos”, publicou Anielle nas redes sociais.

Favorável ao projeto, a deputado federal Bia Kicis (PL-DF) afirmou em entrevista à CNN Brasil que a intenção da proposta é proteger a vida do bebê

“Podemos ainda aumentar a pena do estuprador”, afirmou. “Pode-se até diminuir a pena para a mãe (que abortar)”, acrescentou.

“Ninguém quer que a mãe seja penalizada. O que a gente quer é salvar a vida de uma criança, de um bebê formado”, argumentou.

A parlamentar ainda ressaltou que o PL mantém a possibilidade de aborto antes das 22 semanas de gestação. “Se a menina descobriu com 18, 15 semanas (que estava grávida), ela vai poder abortar”, disse. “Estamos pensando nas duas crianças, não só em uma”, emendou.

Veja quais deputados votaram a favor da urgência do projeto:

  • Sóstenes Cavalcante – PL/RJ
  • Evair Vieira de Melo – PP/ES
  • Delegado Paulo Bilynskyj – PL/SP
  • Gilvan da Federal – PL/ES
  • Filipe Martins – PL/TO
  • Dr. Luiz Ovando – PP/MS
  • Bibo Nunes – PL/RS
  • Mario Frias – PL/SP
  • Delegado Palumbo – MDB/SP
  • Ely Santos – REPUBLICANOS/SP
  • Simone Marquetto – MDB/S
  • Cristiane Lopes – UNIÃO/RO
  • Renilce Nicodemos – MDB/PA
  • Abilio Brunini – PL/MT
  • Franciane Bayer – REPUBLICANOS/RS
  • Carla Zambelli – PL/SP
  • Dr. Frederico – PRD/MG
  • Greyce Elias – AVANTE/MG
  • Delegado Ramagem – PL/RJ
  • Bia Kicis – PL/DF
  • Dayany Bittencourt – UNIÃO/CE
  • Lêda Borges – PSDB/GO
  • Junio Amaral – PL/MG
  • Coronel Fernanda – PL/MT
  • Pastor Eurico – PL/PE
  • Capitão Alden – PL/BA
  • Cezinha de Madureira – PSD/SP
  • Eduardo Bolsonaro – PL/SP
  • Pezenti – MDB/SC
  • Julia Zanatta – PL/SC
  • Nikolas Ferreira – PL/MG
  • Eli Borges – PL/TO
  • Fred Linhares – REPUBLICANOS/DF