Por Anastasia Gubin, Epoch Times
O Museu Nacional do Rio de Janeiro, que queimou quase inteiramente em 2 de setembro, atraiu no domingo (23) um público ansioso para colaborar na sua reconstrução.
Em frente aos restos dispersos do edifício que abrigava cerca de 20 milhões de peças, foi celebrado o Festival Museu Nacional Vive, como parte da exposição cultural 12 Primaveras dos Museus, segundo informou a Agência Reuters.
Os visitantes puderam apreciar algumas das peças da coleção que escaparam das chamas: parte do jardim botânico, peixes, pássaros e o que estava abrigado no edifício anexo: a coleção dos invertebrados.
Em um dos stands estava uma réplica da reconstrução do crânio e do rosto da mulher de cerca de 25 anos de idade que viveu há 11.500 anos atrás, conhecida como Luzia.
Em um texto impresso ao lado da réplica podia-se ler: “Luzia ainda não foi encontrada”.
Quando foi descoberto, o fóssil mostrou que a nova população da América não corresponde à que a habitava há 11 mil anos. As razões para a perda de seu povo são desconhecidas.
Em uma atividade de Ed. Patrimonial com alunos da quinta série, abordei sobre a análise quali/quantitativa em esqueletos. Qdo peguei um crânio, uma menina questionou se era Luzia (!), hoje cinzas no Museu Nacional, depois de diversas intempéries, não suportou a ignorância humana. pic.twitter.com/m5aSN3hFMp
— Thalis Garcia (@thalisgarcia) September 3, 2018
“O crânio de Luzia mostrou que a morfologia craniana desses antigos habitantes da América, chamados paleoamericanos, é diferente da morfologia craniana dos indígenas atuais”, explicou o biólogo da Universidade de São Paulo, Pedro da Gloria, segundo a agência de notícias Deutsch Welle (DW).
Agora só se poderá estudá-los em documentos escritos e fotografias.
Um voraz incêndio consumiu em 2 de setembro de 2018, em poucas horas, as cerca de 20 milhões de inestimáveis peças históricas e pré-históricas que estavam no Museu Nacional no Rio de Janeiro.
O rei português Dom João VI fundou o museu há 200 anos, o qual era considerado “o símbolo da história das ciências do país e um dos maiores da América Latina em História Natural e Antropologia”.
A maciça destruição pôs em debate a importância da cultura dos povos. Dias após o ocorrido, cenas de choro foram vistas na comunidade científica.
A professora Virgínia Maria, que participou da reforma das salas de exposição de Paleontologia e do acervo indígena, comentou: “Todo mundo está desesperado, há pessoas que já se aposentaram e perderam o trabalho de toda uma vida”.
“Aqui não era apenas um museu, acervos de todo o Brasil vinham pra cá por ser mais seguro”, acrescentou.
O diretor Alexandre Kellner alertou publicamente em maio passado sobre o problema da falta de fundos para a manutenção do Museu, e lamentou que, por essa razão, apenas 1% estivesse exposto aos visitantes.
O chefe dos bombeiros Roberto Robaday durante o incêndio reclamou, através da imprensa, dos graves problemas para deter o fogo.
“Tivemos dificuldades com a água porque os hidrantes estavam sem carga”, disse Robaday. Ele também salientou que boa parte da construção era de madeira e que havia muitas peças conservadas em álcool.