Museu Nacional realiza emocionante exposição pública em frente ao edifício incendiado (Vídeo)

Rei português Dom João VI fundou o museu há 200 anos, o qual era considerado "o símbolo da história das ciências do país e um dos maiores da América Latina em História Natural e Antropologia"

25/09/2018 14:30 Atualizado: 25/09/2018 14:30

Por Anastasia Gubin, Epoch Times

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, que queimou quase inteiramente em 2 de setembro, atraiu no domingo (23) um público ansioso para colaborar na sua reconstrução.

Em frente aos restos dispersos do edifício que abrigava cerca de 20 milhões de peças, foi celebrado o Festival Museu Nacional Vive, como parte da exposição cultural 12 Primaveras dos Museus, segundo informou a Agência Reuters.

Os visitantes puderam apreciar algumas das peças da coleção que escaparam das chamas: parte do jardim botânico, peixes, pássaros e o que estava abrigado no edifício anexo: a coleção dos invertebrados.

Festival Museu Nacional Vive, em 23 de setembro de 2018 (Reuters)
Festival Museu Nacional Vive, em 23 de setembro de 2018 (Reuters)

Em um dos stands estava uma réplica da reconstrução do crânio e do rosto da mulher de cerca de 25 anos de idade que viveu há 11.500 anos atrás, conhecida como Luzia.

Em um texto impresso ao lado da réplica podia-se ler: “Luzia ainda não foi encontrada”.

Em 2 de setembro de 2018 queimava o Museu Nacional do Rio de Janeiro (Buda Mendes/Getty Images)
Em 2 de setembro de 2018 queimava o Museu Nacional do Rio de Janeiro (Buda Mendes/Getty Images)

Quando foi descoberto, o fóssil mostrou que a nova população da América não corresponde à que a habitava há 11 mil anos. As razões para a perda de seu povo são desconhecidas.

“O crânio de Luzia mostrou que a morfologia craniana desses antigos habitantes da América, chamados paleoamericanos, é diferente da morfologia craniana dos indígenas atuais”, explicou o biólogo da Universidade de São Paulo, Pedro da Gloria, segundo a agência de notícias Deutsch Welle (DW).

Agora só se poderá estudá-los em documentos escritos e fotografias.

Um voraz incêndio consumiu em 2 de setembro de 2018, em poucas horas, as cerca de 20 milhões de inestimáveis peças históricas e pré-históricas que estavam no Museu Nacional no Rio de Janeiro.

O rei português Dom João VI fundou o museu há 200 anos, o qual era considerado “o símbolo da história das ciências do país e um dos maiores da América Latina em História Natural e Antropologia”.

Em 2 de setembro de 2018 queimava o Museu Nacional do Rio de Janeiro (Buda Mendes/Getty Images)
Em 2 de setembro de 2018 queimava o Museu Nacional do Rio de Janeiro (Buda Mendes/Getty Images)

A maciça destruição pôs em debate a importância da cultura dos povos. Dias após o ocorrido, cenas de choro foram vistas na comunidade científica.

Museu Nacional no Rio de Janeiro, após o incêndio de 2 de setembro de 2018. Imagem feita em 3 de setembro (Buda Mendes/Getty Images)
Museu Nacional no Rio de Janeiro, após o incêndio de 2 de setembro de 2018. Imagem feita em 3 de setembro (Buda Mendes/Getty Images)

A professora Virgínia Maria, que participou da reforma das salas de exposição de Paleontologia e do acervo indígena, comentou: “Todo mundo está desesperado, há pessoas que já se aposentaram e perderam o trabalho de toda uma vida”.

Vista da entrada do Museu Nacional do Rio de Janeiro, um dos mais antigos do Brasil, em 3 de setembro de 2018, um dia após o incêndio que consumiu o edifício. O majestoso prédio ficou totalmente envolto em chamas (Carl de Souza/AFP/Getty Images)
Vista da entrada do Museu Nacional do Rio de Janeiro, um dos mais antigos do Brasil, em 3 de setembro de 2018, um dia após o incêndio que consumiu o edifício. O majestoso prédio ficou totalmente envolto em chamas (Carl de Souza/AFP/Getty Images)

“Aqui não era apenas um museu, acervos de todo o Brasil vinham pra cá por ser mais seguro”, acrescentou.

O diretor Alexandre Kellner alertou publicamente em maio passado sobre o problema da falta de fundos para a manutenção do Museu, e lamentou que, por essa razão, apenas 1% estivesse exposto aos visitantes.

O chefe dos bombeiros Roberto Robaday durante o incêndio reclamou, através da imprensa, dos graves problemas para deter o fogo.

“Tivemos dificuldades com a água porque os hidrantes estavam sem carga”, disse Robaday. Ele também salientou que boa parte da construção era de madeira e que havia muitas peças conservadas em álcool.