MPTCU pede investigação de irregularidades em emendas parlamentares a ONGs

Relatório da CGU aponta prejuízo de R$ 15 milhões entre 2020 e 2024, incluindo sobrepreço e falta de transparência.

Por Redação Epoch Times Brasil
14/11/2024 10:14 Atualizado: 14/11/2024 10:14

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) solicitou ao TCU a investigação de possíveis irregularidades no repasse de emendas parlamentares a organizações não governamentais (ONGs).

Segundo as informações do poder360, a representação, assinada pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, baseia-se em um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), que aponta um prejuízo de R$ 15 milhões em emendas repassadas às ONGs entre 2020 e 2024.

De acordo com a representação protocolada pelo MPTCU, os recursos transferidos por meio de emendas parlamentares apresentaram diversas irregularidades. Entre elas, sobrepreço, superfaturamento e a não aplicação dos valores em projetos a que eram destinados.

O documento também destaca que parte significativa dos fundos foi utilizada em gastos evitáveis ou não chegou a ser aplicada nas finalidades originalmente previstas, resultando em perda de recursos públicos.

A auditoria analisou as dez instituições que mais receberam repasses de emendas no período e constatou que sete delas apresentaram algum tipo de prejuízo.

Falta de transparência e deficiências operacionais

A auditoria realizada pela CGU também identificou que metade das organizações auditadas não possui capacidade técnica ou operacional para executar os contratos de maneira adequada.

O relatório revelou um quadro geral de deficiência técnica e operacional, além de mecanismos de governança frágeis.

A CGU também apontou pouca transparência na divulgação de informações relativas à execução das verbas. Além disso, os planos de trabalho eram pouco detalhados, o que dificulta o acompanhamento da implementação dos projetos financiados pelas emendas.

O relatório da CGU foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito das ações que tratam sobre emendas parlamentares.

A determinação de investigação foi feita pelo ministro Flávio Dino, relator dos processos, que já havia determinado a suspensão de repasses até que fossem definidos mecanismos de maior transparência sobre o destino das verbas e quais congressistas foram responsáveis por indicá-las.

Solicitação de tomadas de contas especiais

Na representação, o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado pede ao TCU que instaure tomadas de contas especiais (TCEs) para responsabilizar os agentes envolvidos nas irregularidades.

A ideia é que as entidades executoras dos recursos sejam chamadas a se manifestar sobre as conclusões da CGU e, caso constatadas as irregularidades, que sejam realizadas a imputação de débito e a aplicação de multa aos gestores.

Furtado ressaltou que a responsabilidade do TCU é fundamental para assegurar o bom uso dos recursos públicos.

“Cabe ao TCU, exercendo o poder-dever de zelar pelo bom uso dos recursos, responsabilizar e sancionar os gestores que apresentem condutas desviantes”, afirmou o subprocurador-geral em sua representação.

O Tribunal de Contas da União deve agora analisar a representação e decidir sobre a abertura das tomadas de contas especiais.

Caso aprovadas, essas medidas representarão um passo importante no controle da aplicação de recursos públicos, estabelecendo a responsabilização dos gestores e fortalecendo os mecanismos de transparência e governança na execução das emendas parlamentares.