O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter os benefícios da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, após o depoimento prestado nesta quinta-feira (21).
O interrogatório, que durou cerca de três horas, foi motivado por contradições e omissões apontadas pela Polícia Federal (PF) em seu depoimento anterior.
Cid foi convocado para esclarecer novas descobertas da PF, que investigava um suposto plano de golpe envolvendo militares e identificou trocas de mensagens entre Cid e militares da reserva.
Segundo a PF, os participantes discutiam a execução de um atentado contra autoridades, incluindo o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o próprio Moraes, no final de 2022.
Embora Cid tenha negado qualquer envolvimento com o plano de assassinato durante seu depoimento, a PF alega que encontrou indícios de que suas versões contradizem dados extraídos de seu celular.
O relatório da PF apontou que essas inconsistências poderiam configurar o descumprimento das cláusulas do acordo de delação, colocando em risco os benefícios garantidos a Cid.
Antes do depoimento, sua defesa afirmou que ele estava disposto a revelar “tudo o que sabia” sobre o suposto golpe, incluindo novas informações não confirmadas anteriormente, como a possível participação do ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, como um dos articuladores.
Após o interrogatório, a defesa confirmou que Cid não será mantido sob custódia e poderá retornar à sua residência.
Prisões e acordo de delação premiada
Mauro Cid foi preso em maio de 2023, em uma operação da Polícia Federal que investigava a inserção de dados falsos em cartões de vacina contra a COVID-19.
Após o Supremo Tribunal Federal homologar seu acordo de delação premiada, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi libertado em setembro.
No entanto, sua situação se complicou novamente em março de 2024, quando foi preso após depor no STF sobre áudios divulgados pela imprensa, nos quais criticava o ministro Alexandre de Moraes e alegava ter sido coagido a delatar.
Dois meses depois, em maio, o ministro concedeu-lhe liberdade provisória.