O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ironizou uma declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) de que seriam necessários apenas “um cabo e um soldado” para fechar o STF.
Durante seu discurso no seminário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre inteligência artificial, democracia e eleições, Moraes, que estava presidindo o evento, fez referência à declaração do deputado, sem citá-lo diretamente.
“Todos se recordam que bastava um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal. O cabo, o soldado, o coronel, estão todos presos. E o Supremo Tribunal Federal aberto, e funcionando. Mas se disse que bastaria um cabo e um soldado”, declarou Moraes.
O magistrado também mencionou os eventos do dia 8 de janeiro de 2023, que resultaram na invasão dos prédios dos Três Poderes em Brasília.
“Como não foi um cabo e um soldado, foram milhares de pessoas que destruíram o prédio do Supremo Tribunal Federal. Se foi para o confronto ao Judiciário, para tentar, exatamente, garantir esse novo populismo”, completou.
No evento desta quarta-feira (22), o ministro disse que “líderes populistas extremistas têm atacado os mecanismos que sustentam a democracia” utilizando as redes sociais para disseminar o que ele classificou como “notícias falsas e desinformação sobre as urnas eletrônicas”.
“Eu sou um democrata, o povo me ama, olha quantas pessoas eu levo para a rua. Se não ganhei a eleição, houve fraude”, ironizou Moraes.
A afirmação de Eduardo Bolsonaro ocorreu durante uma palestra realizada antes do primeiro turno das eleições de 2018 e foi provocada por uma pergunta sobre a possibilidade de intervenção do STF em uma eventual vitória do então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro.
“O pessoal até brinca lá. Se você quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é desmerecendo o soldado e o cabo, não. O que é o STF, cara? Tipo, tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que ele é na rua? Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular a favor dos ministros?”, disse o parlamentar na ocasião.