Durante sua participação no 12º Fórum Jurídico de Lisboa, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma série de declarações sobre o cenário político atual no Brasil.
Na última rodada de discussões do evento, realizado em Portugal e liderado pelo ministro Gilmar Mendes, Moraes mencionou Hitler e Mussolini, afirmando que o Judiciário se posiciona como inimigo daqueles que ele classificou como “populistas” e “extremistas digitais”.
“Mussolini e Hitler chegaram ao poder pelas regras do jogo, o que ensinou uma lição aos democratas. Depois da guerra criou-se um obstáculo aos autoritários: a Jurisdição Constitucional”, afirmou.
Para Moraes, os chamados “populistas” só prosperam em sociedades que enfrentam dificuldades significativas. Ele também destacou que as redes sociais têm exacerbado esse problema.
“O gatilho do descontentamento naquela época foi o empobrecimento da população alemã por causa do Tratado de Versalhes. A guerra acabou, a classe média ascendeu, e agora na Europa vivemos um período de estagnação. A estratégia dos populistas é culpar os imigrantes, os negros, as mulheres, aqueles que supostamente estariam tirando o emprego dessa classe média”, disse Moraes.
O ministro também mencionou que conversou com representantes das big techs, que garantiram ser possível remover 93% dos vídeos indesejados das redes sociais utilizando algoritmos.
“Eu me pergunto por que não fazem o mesmo com os que espalham notícias falsas desvirtuando as eleições. Existem claras razões econômicas. Há duas coisas que fazem sucesso nas redes sociais. O discurso de ódio e o discurso fofo. A raiva contra os adversários e os cachorrinhos com cara de coelhinhos”, completou.
Moraes também defendeu os grandes veículos de comunicação, afirmando que existe uma tentativa de descredibilizar a “mídia tradicional”.
“Eles querem desacreditar a mídia tradicional, que tem responsabilidade pelo que publica. Já as redes sociais são irresponsáveis. Influenciadores que falam sobre tudo sem conhecer nada têm mais audiência que especialistas”, disse o magistrado.
“Se as big techs não sabiam que estavam sendo instrumentalizadas antes do 8 de janeiro, agora não é possível que não saibam”. E concluiu: “Que não se enganem, os responsáveis pelo 8 de janeiro serão punidos.”