A expectativa de inflação subiu pela segunda vez consecutiva, mesmo após o aumento da expectativa de juros, de acordo com o Relatório Focus publicado na segunda-feira (14). A alta dos juros anterior não foi suficiente para acalmar o mercado que ainda prevê mais aumento nos preços para o futuro.
A previsão de inflação medida pelo IPCA para 2024 subiu de 4,38% para 4,39%, confirmando a tendência de alta das últimas semanas.
Em paralelo, houve manutenção na expectativa de juros, com a taxa Selic projetada para 11,75% até o fim do ano, sinalizando uma política mais rígida do Banco Central para conter o avanço inflacionário.
Esse ajuste na taxa de juros tem o objetivo de controlar a inflação, que permanece acima da meta estabelecida pela autoridade monetária.
O real também vem se desvalorizando nas últimas semanas, com a taxa de câmbio mantida em R$ 5,40 por dólar, um patamar que reflete as turbulências internacionais e a aversão ao risco por parte dos investidores.
Outros indicadores do Boletim Focus também mostraram ajustes. A expectativa para o PIB de 2024 subiu de 3,00% para 3,01%, indicando leve melhora econômica. No entanto, a dívida líquida do setor público permaneceu em 63,50% do PIB, e o déficit nominal segue alto, projetado em 7,78%.
A balança comercial registrou a segunda queda consecutiva, com superávit estimado em US$ 80 bilhões, ligeiramente abaixo dos US$ 80,05 bilhões anteriores. Isso reflete a desaceleração das exportações, influenciada pelo menor crescimento global e pela queda nos preços das commodities.
A desaceleração global e a volatilidade nas cadeias de suprimentos ajustam as previsões de inflação e juros. O mercado monitora a política dos EUA, onde nova alta nos juros pode aumentar a pressão sobre emergentes como o Brasil.
O aumento da Selic pode afetar o crescimento econômico e o emprego, encarecendo o crédito e adiando investimentos. Mesmo assim, o Banco Central mantém o foco no combate à inflação, mesmo com impacto no crescimento.
A expectativa para os preços administrados em 2024 subiu para 4,88%, ante 4,79% na semana anterior, devido a preocupações com reajustes em combustíveis e energia elétrica, que afetam o IPCA.
O IGP-M, usado como referência para ajustes de contratos, também foi revisado para 4,01%, acima dos 3,98% anteriores, pressionado pela alta dos custos recentes.