Ao discursar na sessão plenária da Cúpula do Mercosul, nesta sexta-feira (21/07), em Mendoza, na Argentina, o presidente Michel Temer declarou que os chanceleres do bloco reconheceram formalmente “a ruptura da ordem democrática” na Venezuela e os países participantes do Mercosul não irão se calar frente aos retrocessos. De acordo com Temer, o bloco tem “apego inegociável” à palavra “democracia”.
Temer, que irá assumir nesta sexta durante seis meses a presidência do bloco, afirmou também que essa é a postura do Mercosul em seu todo. “Nossos chanceleres reconheceram formalmente a ruptura da ordem democrática na Venezuela. Nossa mensagem é clara: conquistamos a democracia, em nossa região, com grande sacrifício, e não nos calaremos, não nos omitiremos frente a eventuais retrocessos”.
Ele declarou que tem acompanhado com muita apreensão os acontecimentos na Venezuela e considerou que é normal que haja na região governos com diversas posições políticas, mas que é essencial que se respeite o primado do Estado Democrático de Direito.
O presidente salientou também que não existe mais lugar, na América do Sul, “para prisões arbitrárias, para medidas de repressão política, para atitudes e atos incompatíveis com os preceitos democráticos. Já não há mais espaço para governos indiferentes à própria sorte de seu povo”.
Para os chefes de Estados dos países participantes do Mercosul, Temer afirmou que as necessidades sociais na Venezuela “ganham contornos de crise humanitária” e que o Brasil tem a firme intenção de juntar sua voz aos que clamam pela volta da democracia. “Somos profundamente sensíveis à deterioração do quadro político-institucional, às carências sociais que, nesse país amigo, ganham contornos de crise humanitária”, declarou.
Os países integrantes do Mercosul são Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Em 2012, a Venezuela entrou para o bloco econômico, mas foi suspensa por causa da difícil situação social e política que o país atravessa.
Assumindo a presidência do Mercosul, o Brasil tem a intenção de acelerar as preparações para aplicar a cláusula democrática do Protocolo de Ushuaia contra a Venezuela frente à insistência em propor a realização da assembleia constituinte, à cruel repressão às manifestações do povo e ao aumento do número de presos políticos. O Mercosul deu início à aplicação ao país do Protocolo em abril passado, durante reunião de chanceleres que ocorreu na Argentina logo depois de a Corte Suprema assumir os poderes da Assembleia Nacional.
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