Após dez semanas consecutivas de alta nas projeções do mercado para a inflação, o mercado não previu novos aumentos para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A principal razão para essa estabilização foi a expectativa de um novo aumento na Selic, que vem registrando altas consecutivas.
Segundo o Relatório Focus, as expectativas do mercado para o IPCA em 2024 se mantiveram estáveis em 4,37%, enquanto a previsão para 2025 ficou em 3,97%. Apesar da inflação elevada, o mercado considera eficazes as medidas de controle, especialmente a política monetária.
Alta da Selic
O relatório mostra que o mercado financeiro ajustou suas projeções para a Selic, indicando uma elevação de 11,50% para 11,75% ao ano. Este é o segundo aumento consecutivo nas expectativas para a taxa básica de juros.
A Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação, e a elevação da taxa busca reduzir a pressão inflacionária, tornando o crédito mais caro e desestimulando o consumo e os investimentos no curto prazo.
O aumento nas expectativas para a Selic reflete as preocupações com as persistentes pressões inflacionárias, especialmente em setores como serviços e alimentos, que resistem à desaceleração. A recente desvalorização cambial também tem elevado os preços de importados, aumentando a inflação.
Riscos Inflacionários
Mesmo com a estabilização das expectativas para o IPCA, o Relatório Trimestral da Inflação ressalta que o cenário ainda está longe de ser confortável.
Os riscos relacionados à inflação seguem altos. Um dos principais é a desancoragem das expectativas de longo prazo, que pode impactar negativamente a economia. Se os agentes econômicos duvidarem da capacidade do Banco Central de cumprir a meta, as pressões inflacionárias aumentam, levando a reajustes automáticos de preços e salários.
Outro risco importante é o câmbio. A desvalorização do real frente ao dólar eleva o custo dos produtos importados, aumentando os preços internos. Esse efeito, somado a possíveis altas nos preços internacionais de commodities, como alimentos e energia, pode intensificar a inflação no Brasil.
Política monetária contracionista
Diante desses riscos, o Banco Central mantém uma política monetária contracionista, elevando a Selic para conter a inflação. O aumento dos juros busca controlar as expectativas e impedir que a inflação fuja ao controle.
O impacto de uma política monetária rígida não é imediato, pois as medidas do Banco Central levam meses para afetar a economia. A expectativa é que os efeitos da alta da Selic apareçam nos próximos trimestres, com desaceleração gradual da atividade econômica e da inflação.
Para o próximo ano, o mercado espera que a taxa Selic continue em níveis elevados, com projeções que indicam um patamar de 10,75% em 2025. Isso mostra que o cenário de juros altos deve persistir enquanto houver a necessidade de conter as pressões inflacionárias.