Mercado eleva projeções de inflação e câmbio, apontando maior pressão sobre economia e custo de vida

Relatório Focus do Banco Central revela alta do IPCA para 4,59%, desvalorização do real e perspectiva de déficit público.

Por Matheus de Andrade
04/11/2024 21:02 Atualizado: 04/11/2024 21:02

Expectativas do mercado, o Relatório Focus, publicado pelo Banco Central na segunda-feira (4), apontam para diversos dados negativos para a economia e para a população. Entre eles, a inflação, medida pelo IPCA, chegou a 4,59%, valor que permanece acima do limite da meta. Esse valor representa um ligeiro aumento em comparação à semana anterior, quando a projeção era de 4,55%.

Isso indica que a pressão inflacionária pode estar se intensificando ainda mais, o que tende a afetar o custo de vida da população, especialmente nos preços de produtos e serviços essenciais.

Outro dado importante é a taxa de câmbio, que passou de R$ 5,45 para R$ 5,50 por dólar. Essa depreciação do real frente ao dólar reflete incertezas no cenário econômico, o que encarece produtos importados e pode impactar a inflação.

Além disso, a variação cambial afeta diretamente setores como combustíveis e alimentos, aumentando o custo do transporte e da produção agropecuária.

A taxa Selic, que é a principal ferramenta do Banco Central para conter a inflação, foi mantida em 11,75% ao ano, conforme o relatório. Uma taxa de juros elevada busca reduzir a inflação ao restringir o crédito e desacelerar o consumo, mas também encarece financiamentos e afeta investimentos e consumo das famílias.

Para aqueles que buscam crédito, seja para consumo ou para negócios, a manutenção da Selic em patamares altos é uma barreira importante, que também influencia o crescimento econômico do país.

O PIB brasileiro foi revisto para um crescimento de 3,10% em 2024, levemente acima da projeção anterior de 3,08%. Embora esse dado indique crescimento, o aumento do endividamento, câmbio e inflação sugere que esse crescimento pode não ser sustentável.

Outro índice de destaque é o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que saltou de 4,57% para 5,35%. Esse indicador é amplamente utilizado em reajustes de contratos de aluguéis e outros tipos de contratos, o que significa que o custo da moradia também poderá aumentar.

Assim, o impacto sobre as famílias, especialmente as de baixa renda que não possuem imóveis próprios, tende a ser acentuado.

A balança comercial também apresentou dados negativos, com projeção de superávit de US$ 77,78 bilhões, uma queda frente aos US$ 77,95 bilhões projetados na semana anterior. Esse desempenho reflete uma diminuição no ritmo das exportações, o que pode ser explicado pela queda na demanda internacional por produtos brasileiros, especialmente commodities.

Isso afeta diretamente a geração de divisas e pode impactar a taxa de câmbio e o saldo em conta corrente.

Por fim, o resultado nominal das contas públicas é outro dado preocupante, com déficit de 7,60% do PIB. Isso significa que o país está gastando mais do que arrecada, aumentando a dívida pública.

O crescimento da dívida pode levar à necessidade de ajustes fiscais no futuro, o que implica aumento de impostos ou cortes em programas sociais e investimentos públicos, afetando negativamente a economia e a população.