Por Epoch Times
Centenas de pessoas reagiram com espanto e consternação durante as manifestações pacíficas em São Paulo e em Brasília que denunciam o extenso genocídio de praticantes de Falun Dafa na China.
As notícias atuais sobre torturas, campos de trabalho forçado, milhares de mortes e especialmente sobre a extração maciça dos órgãos dos praticantes do Falun Dafa para a venda ilegal nos hospitais chineses chocaram e alertaram muitas pessoas sobre a grave situação de opressão e extermínio que vem sendo sofrida pelos praticantes sob a ditadura do regime chinês.
Na última sexta-feira (20), completaram-se 19 anos da incessante perseguição e genocídio de praticantes do Falun Dafa na China, desde que em 1999 o regime chinês decretou a perseguição e o extermínio massivo dos praticantes com o objetivo de erradicar a prática no país.
O Falun Dafa, também chamado de Falun Gong, é uma prática chinesa ancestral para o aprimoramento da mente e do corpo. A partir de 1992 tornou-se pública na China e devido aos seus princípios espirituais e valores milenares e aos benefícios que trouxe para a saúde geral da população, tornou-se em poucos anos a prática mais apreciada e difundida na China. Pessoas de todas as esferas sociais, desde camponeses até eruditos, cientistas e membros do regime passaram a praticar e incentivar o Falun Dafa em todo país; durante anos, milhares de pessoas o praticavam aberta e gratuitamente em parques, praças, escolas e empresas.
Entretanto, uma parte do comitê central do Partido Comunista Chinês (PCC), liderada pelo então ditador Jiang Zemin, era avessa ao Falun Dafa, porque este trazia princípios que faziam reflorescer a ética e a moralidade tradicionais da cultura chinesa, que durante décadas o PCC tentou à força arrancar do país e sufocar o povo chinês. Então, enquanto o Falun Dafa era difundido cada vez mais amplamente e o ambiente social se tornava cada vez mais harmônico, humano e espiritualizado, o primeiro ministro Jiang Zemin e parte do PCC articulavam estratégias para denegrir e arruinar cabalmente o Falun Dafa, o que incluía o assassinato de seus praticantes em larga escala, caso fosse necessário.
Assim, depois de algum tempo, membros do regime começaram a usar as mídias estatais para difundir mentiras, denegrir e minar a boa imagem que a população tinha do Falun Dafa. Em troca de benefícios, pagamentos e promoções sociais, certas pessoas, intituladas pelos próprios membros do PCC como especialistas, eruditos e cientistas, eram colocadas em programas de televisão e estimuladas a falar mal do Falun Dafa e criar mentiras e informações duvidosas sobre a prática. Este tipo de iniciativa desleal foi aumentando rapidamente e outras estratégias mais sérias e contundentes foram sendo levadas a cabo pelo regime. Em pouco tempo, o PCC proibiu a reprodução e a circulação dos textos de ensino do Falun Dafa, confiscou esse material dos praticantes em várias cidades, os destruiu e queimou em locais públicos, veiculando tais eventos nas mídias estatais, e passou a considerar criminosas as pessoas que portassem os materiais do Falun Dafa.
Enquanto as difamações contra o Falun Dafa e seus praticantes cresciam e se tornavam mais agressivas nas mídias, os praticantes começaram a ser perseguidos e demitidos de seus empregos, a terem seus filhos perseguidos e expulsos de escolas e a serem agredidos pela polícia em várias partes do país. Muitos praticantes apelaram à justiça legal em departamentos de apelação do regime, mas quase sempre sem sucesso. Outros tantos fizeram manifestações públicas pacíficas e tentaram ser ouvidos pelo regime: membros moderados e isentos do PCC os acolhiam e atuavam de forma legal para protegê-los e continuar mantendo a prática pública e dentro da legalidade no país.
Porém, em 20 julho de 1999, o ditador Jiang Zemin e a ala conservadora do PCC tomaram de forma absoluta o controle e as decisões do Partido e do regime e decretaram o início do genocídio dos praticantes do Falun Dafa no país. Em menos de 1 mês cerca de 1 milhão de praticantes foram enviados a campos de trabalho forçado, prisões, centros de tortura e de lavagem cerebral e as notícias de mortes de praticantes passaram a ser ouvidas por toda a China.
No final do ano de 1999 surgiram as primeiras denúncias na ONU de torturas, abusos e assassinatos de praticantes, incluindo assassinatos para a extração e venda dos órgãos dos praticantes em hospitais chineses.
O cenário brutal dessa perseguição é vasto e chocante, porque foi calculado e premeditado para levar esse grupo humano não só ao extermínio, mas para torná-lo uma fonte de lucro contínuo através da venda dos órgãos dos praticantes assassinados. O Partido Comunista Chinês não só se empenhou em exterminar esses milhões de pessoas, como criou uma estrutura complexa, envolvendo os sistemas político, judiciário, policial, militar, prisional, médico e hospitalar, para sistematizar e usar essas mortes para o enriquecimento dos membros do PCC e de seus associados em diversos níveis e esferas da sociedade chinesa.
Estamos diante de uma nova calamidade, nos moldes das mais aterrorizantes experiências humanas sob regimes ditatoriais. Nas palavras do ex-Secretário de Estado para Ásia e Pacífico, o canadense David Kilgour, em seu discurso no Parlamento Europeu: “Os contínuos assassinatos em toda a China de prisioneiros de consciência e outros inocentes para retirada de seus órgãos… se assemelham aos padrões do Congo do Rei Leopold, dos genocídios cambojanos, ruandeses e de Darfur e do Holocausto.”
As manifestações públicas e denúncias formais são um alerta e um pedido de socorro
“Nossa, que horror! Eu não sabia que isso estava acontecendo. Isso é terrível! As pessoas precisam saber mais sobre tudo isso; isso é muito grave!”
Frases de espanto, comoção e indignação, como as da instrutora de Tai-Chi-Pai Lin, Syowa Sakate, foram ouvidas frequentemente durante as manifestações de apelo dos praticantes do Falun Dafa em São Paulo e em Brasília pelo fim desse genocídio.
As manifestações pacíficas em São Paulo ocorreram durante toda a manhã em frente ao Consulado Geral da República Popular da China, na Rua Estados Unidos, e da tarde à noite na Praça da Liberdade, bairro que concentra boa parte da comunidade chinesa da cidade.
Brasileiros e chineses receberam materiais informativos sobre a perseguição na China. Também leram nos painéis expostos pelos praticantes textos oficiais e denúncias de inúmeras autoridades internacionais sobre o genocídio e viram as fotos chocantes dos praticantes presos, torturados e mortos pelo regime chinês.
A maioria dos chineses locais passava mais distante dos painéis e somente alguns aceitavam os materiais oferecidos pelos praticantes do Falun Dafa na praça. Muitos têm medo de serem fotografados e denunciados ao consulado chinês: caso o consulado suspeite que eles sejam simpáticos à causa dos praticantes do Falun Dafa, eles podem sofrer certas sanções, como perdas de direitos e benefícios ainda no Brasil ou até serem mandados de volta à China, onde podem sofrer todo o tipo de sanções e perseguição por parte do regime chinês; isso é de conhecimento comum na comunidade chinesa local em São Paulo.
Mas nem todos os chineses locais são assim temerosos. O sr. Mike, um chinês alto e com um sorriso camarada (talvez um pouco receoso para declarar seu nome verdadeiro) aproximou-se de um dos praticantes que esclarecia os fatos do genocídio para uma família goianiense em visita a São Paulo e disse, em um português um pouco mal falado: “O que ele tá falando é tudo verdade. Essa prática é boa, mas não pode fazer na China. O regime pega. Primeiro perde trabalho; manda filho embora da escola. Depois tortura. É muito perigoso”. O pai daquela família goianiense então disse: “Nós sabemos disso. Lá na China se você digitar no computador a palavra Falun Gong ou outras coisas que o regime proíbe, você é rastreado e preso”. E completou: “Nós sabemos que os chineses daqui têm medo de falar disso que está acontecendo lá; eles têm medo de serem pegos aqui pelo consulado e serem levados de volta à força para lá”.
Muitas outras pessoas ficaram chocadas com as informações e queriam encontrar um modo de ajudar a deter os assassinatos de praticantes e o genocídio em curso na China. Os praticantes informavam-nas sobre a possibilidade de divulgarem esse genocídio por meio de documentários, sites, publicações, e até por meio de livros recentes sobre o assunto. Listamos alguns desses a seguir.
Documentários:
- Mortos por Órgãos: o negócio de transplantes secretos na China.
- Perseguição ao Falun Gong na China: tráfico de órgãos!
- Entre a Vida e a Morte.
- Extração Forçada de Órgãos – 10 anos de investigação.
Sites:
Um genocídio macabro, oculto e silencioso
Não só no Brasil como em dezenas de outros países têm ocorrido manifestações públicas e denúncias oficiais de autoridades para expor o que vem sendo considerado por diversas instituições internacionais e especialistas como o maior e mais cruel genocídio da atualidade.
Mas como um genocídio de tamanha extensão e características tão abomináveis permanece oculto para a maioria dos indivíduos de algumas sociedades? Por exemplo, no Brasil, somente cerca 1% da população sabe que um genocídio semelhante ao Holocausto está ocorrendo atualmente na China.
A resposta é que esse genocídio é executado de forma sistematizada e oculta pelo Estado chinês, que o absorve e o integra dentro da estrutura social organizada pelo próprio regime comunista chinês, desenvolvida para o controle popular e a repressão social. Ou seja, o Estado chinês demoniza, desqualifica e isola o grupo a ser perseguido e dirige o genocídio para o interior de suas instituições, aprisionando, ocultando e submetendo o grupo perseguido ao extermínio dentro de todas as instâncias físicas – como prisões, campos de trabalho forçado, centros de lavagem cerebral, centros de tortura, manicômios – e esferas (i)legais repressoras – mídias estatais, tribunais, ministério público, polícia, exército, agências secretas —, tornando assim o genocídio algo latente e contínuo, assimilado socialmente dentro do modelo de eliminação sistemática, oculta e persistente de grupos não-convenientes ao Estado, nesse caso o Falun Dafa e seus praticantes.
Diferentemente dos genocídios ditos “quentes”, onde a perseguição, a violência e todos os tipos de abusos e maus-tratos são cometidos de forma explícita e intensa, esse tipo de genocídio organizado, sistemático, lento e contínuo, sofrido pelos praticantes do Falun Gong na China, onde o grupo perseguido é absorvido dentro da estrutura social organizada, repressora e aniquiladora do Estado, é classificado pelos estudiosos como genocídio “frio”, o qual é tão ou mais devastador do que o genocídio “quente”: “…a campanha de erradicação do Falun Gong é distinguível como um genocídio frio, já que é: (1) multidimensional — a destruição dos praticantes do Falun Gong não é apenas física, mas psicológica, social e espiritual; (2) sutil em termos de visibilidade; e é (3) normalizado na sociedade em que ocorre. A interação desses elementos invisíveis e não físicos da erradicação torna o genocídio frio do Falun Gong insidioso, poderoso e mortal. É também a interação desses fatores que levou este genocídio a ser sub-representado nos estudos de genocídio de hoje”.
Assim, hoje temos em andamento um genocídio de proporções e características alarmantes, tão grave, brutal e chocante quanto o Holocausto judeu, e que ainda agrega o requinte tecnológico, a total falta de ética humana e a voracidade econômica dos perpetradores, que transformaram milhões de cidadãos chineses pacíficos em estoque vivo para um sistema abominável de assassinatos por encomenda para o comércio criminoso de órgãos.
Então, o que faremos diante desse inaudível e invisível genocídio, que dia após dia vem consumindo vidas para fins absolutamente desumanos? Como poderemos dormir tranquilos enquanto as torturas brutais e a morte cruel vêm sendo a realidade cotidiana para milhões de cidadãos chineses inocentes? Essa é a nossa época, a época que cabe à nossa geração lutar contra uma nova atrocidade que destrói vidas humanas e coloca em xeque novamente os valores mais fundamentais da humanidade.