Lula sobre Venezuela: “Não aceito nem a vitória de Maduro nem a da oposição”

O presidente também comentou a expulsão do embaixador brasileiro na Nicarágua, por Daniel Ortega.

Por Redação Epoch Times Brasil
30/08/2024 21:58 Atualizado: 30/08/2024 21:58

Na manhã da sexta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que o Brasil não reconhecerá o resultado das eleições na Venezuela sem provas concretas de vitória, seja de Nicolás Maduro ou da oposição.

Em entrevista à Rádio MaisPB, da Paraíba, o presidente brasileiro criticou a falta de transparência no processo eleitoral venezuelano e pediu “prova” para validar o resultado.

A estratégia de Lula é fruto de ação conjunta com o presidente colombiano, Gustavo Petro.

“Eu tomei cuidado, muito cuidado, de reunir o México e a Colômbia para a gente tomar uma decisão conjunta. O presidente do México resolveu não assinar porque ele está a apenas 15 dias de deixar a Presidência. Então ficamos eu e [Gustavo] Petro [presidente da Colômbia]”, contou Lula.

A ideia era que a Venezuela apresentasse as atas eleitorais ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, composto por três membros do governo e dois da oposição. No entanto, Maduro ignorou esse órgão e encaminhou as atas diretamente para a Suprema Corte venezuelana.

“Eu não estou questionando a Suprema Corte [da Venezuela]. Eu apenas acho que deveria passar pelo colégio eleitoral, que foi criado para este fim. Então eu não aceito nem a vitória dele [Maduro] e nem a da oposição. A oposição fala que ganhou, ele fala que ganhou, mas você não tem prova” afirmou o presidente brasileiro.

Lula também respondeu às críticas de Maduro, que tem questionado o posicionamento brasileiro. O chefe do Executivo do Brasil afirmou que o venezuelano “tem o direito de não gostar” da posição brasileira.

“O Maduro cuide de lá, arque com as consequências do gesto dele, e eu arco com as consequências dos meus gestos. Agora, eu tenho consciência política de que eu tentei ajudar muito”, declarou.

Ortega e embaixadores

Além das questões venezuelanas, Lula abordou a recente tensão com a Nicarágua. Ele relatou que, quando tentou intervir para ajudar a resolver a prisão de um bispo nicaraguense, encontrou resistência por parte da ditadura de Daniel Ortega.

Este, por sua vez, expulsou o embaixador brasileiro do país, Breno Souza da Costa. Em resposta, o Brasil também expulsou a embaixadora nicaraguense, Fulvia Castro.

Lula afirmou na entrevista que a decisão se deu após um episódio relacionado ao evento de comemoração do 19 de julho, da Revolução Sandinista na Nicarágua. O embaixador brasileiro não participou da celebração, e em retaliação foi expulso do país.

Ortega foi um dos líderes que reconheceu a reeleição de Maduro tão logo o CNE venezuelano declarou o resultado das eleições.

Diante do não reconhecimento por parte de Lula em relação à suposta vitória de Maduro, o presidente do Brasil foi chamado de “covarde” por Ortega.

Sobre a situação da mútua expulsão dos embaixadores de Brasil e Nicarágua, entretanto, Lula abrandou: “Esse país é muito grande, o Brasil não tem contencioso com ninguém, não quer contencioso com ninguém e quem quiser contencioso com o Brasil não vai ter”.