Por Diário do Poder
Lula prestou depoimento nesta quarta (19), no âmbito da operação Zelotes, à Justiça Federal e negou as acusações de corrupção por “vender” medidas provisórias enquanto foi presidente. O petista acusou o Ministério Público Federal (MPF) de mentir na acusação e a Polícia Federal (PF) de mentir no inquérito.
Além de negar que tenha favorecido e recebido vantagens indevidas, Lula manteve o discurso de perseguição e insinuou um conluio entre os investigadores e o ex-braço-direito Antonio Palocci, que revelou como funcionava o esquema em sua delação.
Segundo Lula, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil nos governos petistas recebeu um “prêmio” por depor contra ele.
Condenado outras duas ações por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula prestou depoimento de cerca de uma hora na condição de réu ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília.
O petista disse que não discutia medidas provisória com o setor automobilístico e deu a entender que não participava das importantes decisões, apesar de ser presidente da República. “Quando a MP chega, chega para o presidente assinar. É o papel do presidente”, disse.
Sobre o empresário Mauro Marcondes, outro réu, Lula foi bem específico. “Nunca atendi, sozinho, Mauro Marcondes, enquanto presidente da República, para tratar da MP 471, no Palácio do Planalto”, afirmou.
O que diz a acusação
De acordo com a denúncia, as empresas automobilísticas teriam prometido R$ 6 milhões a Lula e ao ex- chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, em troca de benefícios para o setor.
“Diante de tal promessa, os agentes públicos, infringindo dever funcional, favoreceram às montadoras de veículos MMC [Mitsubishi] e Caoa ao editarem, em celeridade e procedimento atípicos, a Medida Provisória n° 471, em 23/11/2009, exatamente nos termos encomendados, franqueando aos corruptores, inclusive, conhecimento do texto dela antes de ser publicada e sequer numerada, depois de feitos os ajustes encomendados”, afirma o MPF.
Após o depoimento de todos os seis réus, o processo ficará concluso para sentença, quando Lula e os demais investigados deverão ser condenados ou absolvidos. Não há data para a decisão.
O que diz a delação de Palocci
As acusações contra ele foram reforçadas em depoimento do ex-ministro Palocci, em 2018.
Palocci foi ouvido como testemunha no caso e disse que o filho de Lula, Luiz Cláudio, recebeu dinheiro de um dos lobistas que fizeram o acerto.
“A única explicação é que ele deveria estar ganhando um prêmio por fazer a delação e por isso ele se prestou a contribuir com o Ministério Público com as mentiras que ele contou”, disse o ex-presidente. (Com informações da Agência Brasil)