O presidente Lula retomou o diálogo com os principais bancos privados do Brasil após um longo período sem conversas.
A reunião, realizada na quarta-feira (16) no Palácio do Planalto, durou cerca de uma hora e meia e contou com a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e de executivos de destaque, como Milton Maluhy (Itaú), Luiz Trabuco e Marcelo Noronha (Bradesco), Mario Leão (Santander) e André Esteves (BTG Pactual).
Durante o encontro, os dirigentes dos bancos e da Febraban apresentaram uma alternativa ao aumento das alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e dos Juros sobre Capital Próprio (JCP).
Eles alertaram que essa elevação poderia encarecer o crédito e impactar o mercado financeiro. Em vez de aumentar as alíquotas, recomendaram que o governo priorizasse as negociações do novo Programa de Transação Tributária (PTI), com o intuito de resolver litígios fiscais significativos.
Segundo apuração do O GLOBO, a reunião também teve como foco o apoio a Fernando Haddad e à ministra do Planejamento, Simone Tebet.
Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco e da Febraban, destacou que o setor apoia o “plano de estabilidade fiscal” da equipe econômica, acreditando que isso ajudará o Brasil a recuperar o grau de investimento junto às agências de risco. Trabuco afirmou: “Essa jornada será responsável pelo ajuste da curva dos preços de juros, dólar e bolsa, que estão fora de lugar.”
Além disso, Trabuco comentou que a percepção dos investidores internacionais é mais favorável do que a dos analistas locais, o que pode resultar em novas oportunidades de investimento para o país.
Contudo, essa expectativa só se concretizará se houver um esforço genuíno para alcançar um crescimento econômico sustentável e uma sólida estabilidade fiscal.
Após a reunião, banqueiros e ministros do governo anunciaram a formação de um grupo de trabalho no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, conhecido como “Conselhão”, com o objetivo de reduzir os juros bancários.
Lula faz balanço da reunião com banqueiros
Após a reunião com banqueiros no Palácio do Planalto, o presidente Lula declarou, em entrevista à Rádio Metrópole, em Salvador (BA), nesta quinta-feira (17), que a economia brasileira tem superado as expectativas do mercado financeiro.
Diante das crescentes pressões por cortes de gastos, Lula alegou ter compromisso em preservar os investimentos em saúde e educação.
“Acho que nós estamos encontrando um caminho para fazer as coisas corretamente. A economia está bem, a economia está surpreendendo o mercado. Ontem, eu fui em uma reunião com os principais bancos brasileiros e todos eles elogiando o crescimento: ‘Presidente, você está crescendo acima do mercado’. As coisas estão boas, o emprego está crescendo, a massa salarial está crescendo, a inflação está mais ou menos controlada. Está tudo do jeito que eu quero que esteja”, afirmou o presidente.
O petista também criticou a percepção diferenciada entre o que é considerado investimento no setor privado e no governo. Ele argumentou que, enquanto “tudo que o governo faz é gasto”, ações de banqueiros, como a construção de um banheiro ou a reforma de uma calçada, são vistas como investimentos.
Essa distinção, segundo ele, revela uma desigualdade nas avaliações sobre os gastos públicos em comparação aos do setor privado.